A crônica da missa da igreja Nossa Senhora do Rosário
Depois de longo tempo afastado, assisti a missa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no conturbado Centro do Rio de Janeiro. Quando chequei já tinha começado a homilia, o salão não estava lotado, a capacidade da igreja talvez seja de 1.500 lugares (foi fundada em 1669) e neste dia poderíamos calcular em torno de 600 fieis, num início de tarde de uma quinta-feira de sol não muito forte, início de novembro, para os mais místicos, mês das almas. A igreja, de dimensões faraônicas, entre as pessoas haviam vários espaços para ouvir as palavras de Deus. O padre de antes quando comecei a frequenta esta missa, em outubro de 2008, mudou, mas a liturgia continua a mesma. O atual padre é até mais simpático que o seu antecessor.
Em outubro de 2008, quando assisti essa missa pela primeira vez, a igreja esta superlotada, para o leitor ter uma ideia, havia fieis sentados e sentadas no chão da diocese, uma calor que beirava 41º, pessoas desmaiando, a ponto da sacristia colocar uma enfermeira a disposição dos religiosos, que eram tomados não só pela fé mais pela emoção que o ambiente proporcionava. Encontrei ainda a fiel que conheci na primeira vez que estive. Continua a mesma, gordinha, cantando inflamada, colocando os braços para cima em louvor a Cristo, mas a outra que a acompanhava e tinha uma filha, que aliás, deu a luz, não a vi. O que me chamava atenção nesta última era as unhas muito bem feitas e longas, pareciam (as unhas) uma obra de arte.
Essa fiel que estou retratando, no primeiro dia que me viu, sem me conhecer, me presenteou com um escapulário de Nossa Senhora do Carmo, que trago até hoje na minha carteira. Não saio sem ela. Em troca, na missa da quinta-feira subsequente, presenteei com um santinho de Santa Teresa, conseguido em Lisieux, França, o maior lugar de peregrinação do mundo. Esse santinho eu tinha uns quatro, herança da minha família de formação católica. Disse-lhe para que pedisse a santa, pois é muito poderosa.
Na outra missa, ela me ofertou uma vela, pois o discurso religioso naquele dia exigia esse objeto de luz. A partir daí, ficamos conhecido um do outro, mas só isso. Hoje ela aparenta mais velha, claro, passados três anos não poderia ser diferente, mas parece que envelheceu oito anos em três. Dessa última vez, me viu e acenou para mim, como se dissesse: Há quanto tempo!!! E eu também retribui o seu aceno.
Outras pessoas continuavam lá, na missa, cada uma com sua fé inabalável, já outras não as encontrei.
A única coisa que infelizmente contribuiu para a queda da missa foi os cânticos. Esses mudaram para uma qualidade ruim. A missa tinha relevos, texturas, era muito bem desenhadas com os cânticos litúrgicos, muito bem interpretados pelo cantor da igreja. Hoje ele canta em duo com uma cantora, que está muito aquém de suas qualidades vocais. O repertório que eles usam hoje na missa da igreja de Nossa Senhora do Rosário, não nos faz concentrar, não nos emociona, o que não nos leva a chorar. Por incrível que possa parecer achei a homilia melancólica o que me deu vontade de deixar a missa antes do seu final.