11 do 11 ? O que aconteceu neste dia...?
"...ele nasceu e já começou a sentir diferenças sociais existentes e escreveu muito sobre esse fato: "Sou filho da descrença e da dúvida, até ao presente e mesmo até à sepultura. Que terrível sofrimento me causou, e me causa ainda, a sede de crer, tanto mais forte na minha alma quanto maior é o número de argumentos contrários que em mim existe!..." Na prisão ele descobriu que as diferenças sociais existiam e viu a maldade exercer forte vínculo com assassinatos e toda espécie de iniquidades! Fiodor Mikhailovich Dostoievski foi uma das maiores personalidades da literatura, e, hoje é comemorado o seu nascimento!"
Fiódor foi o segundo dos sete filhos nascidos do casamento entre Mikhail Dostoyevski e Maria Fedorovna. A mãe do escritor morreu quando ele ainda era muito jovem, de tuberculose, e o pai, o médico Mikahil Dostoievski, pode ter sido assassinado pelos próprios servos, que o consideravam autoritário. Alguns biógrafos afirmaram que foi quando Dostoievski teve sua primeira crise epilética, fato disputado pelos seus atuais estudiosos, principalmente Joseph Frank.
Tal fato teria exercido enorme influência sobre o futuro do jovem Fiódor, que desejou impetuosamente a morte de seu progenitor e em contrapartida se culpou por isso, fato que motivou Freud a escrever o polêmico artigo Dostoiévski e o Parricídio.
Em São Petersburgo, Dostoiévski estudou engenharia numa escola militar e se entregou à leitura dos grandes escritores de sua época. Em 1844, Honoré de Balzac visitou São Petersburgo, e Dostoiévski, como uma forma de admiração, fez sua primeira tradução, Eugenia Grandet.
Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas na casa de um revolucionário, e condenado à morte. No último momento, teve a pena comutada por Nicolau 1o e passou nove anos na Sibéria, quatro no presídio de Omsk e mais cinco como soldado raso. Descreveu a terrível experiência no livro "Recordações da Casa dos Mortos" e em "Memórias do Subsolo".
## Recordações da Casa dos Mortos ou Cadernos da Casa Morta (em russo Записки из Мёртвого дома) é um romance publicado em 1862 pelo autor russo Fiódor Dostoiévski, retratando a vida de condenados nas prisões da Sibéria.
O livro é uma união imprecisa de uma coleção de fatos e eventos ligados à vida nas prisões da Sibéria, organizado particularmente mais pelo tema do que com a intenção de formar uma história contínua. O próprio Dostoiévski passou quatro anos exilado em uma dessas prisões, em função de sua condenação por envolvimento com o Círculo de Petrashevsky, um grupo literário russo banido por Nicolau I, devido à sua preocupação quanto ao perigo representado pelo relativo potencial subversivo lincado à revolução de 1848). A experiência deu-lhe condições de descrever com grande autenticidade as condições da vida nestas prisões e do caráter dos condenados que nelas viviam.
Em 1865 começou a elaborar Crime e Castigo, uma de suas obras capitais, que apareceu na revista O Mensageiro Russo, com grande sucesso. Quando seu editor determinou um curto prazo para que terminasse o livro, contratou a estenógrafa Anna Grigórievna Snítkina, na época com vinte e quatro anos, a quem dedicou, em apenas vinte e seis dias, o livro O Jogador. Narra a história de Rodion Românovitch Raskólnikov, um jovem estudante que comete um assassinato e se vê perseguido por sua incapacidade de continuar sua vida após o delito.
O livro/romance se baseia numa visão sobre religião e existencialismo com um foco predominante no tema de atingir salvação por sofrimento, sem deixar de comentar algumas questões do socialismo e niilismo.Os personagens e as descrições de seus caracteres e personalidades, bem como outras obras maiores de Fiódor Dostoiévski, inspiraram pensamentos filosóficos,sociológicos e psicológicos da segunda metade do século XIX e também no século XX. Foram influenciados Nietzche, Sartre, Freud, Orwell, Huxley...
DOSTOIÉVSKI, Fiodor. Crime e Castigo. Trad. Paulo Bezerra. Editora 34, São Paulo, 2001.
AMERICO, Edelcio, Texto de São Petersburgo na literatura russa, dissertação, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas USP, 2006, Biblioteca FFLCH-USP (setor de teses).
BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski, Editora Forense Universitária, 2ª edição, São Paulo, 1997.
LÓTMAN, Iúri. Simbologia de São Petersburgo e os problemas da semiótica da cidade (Simvólika Peterburga i problemy semiótiki góroda)//Istoria i tipológuia rússkoi kultury, São Petersburgo, 2002,