Joana

Cinquentona, morava sozinha há alguns anos. Tentou casar e estabelecer uma família, quando era mais nova, mas acabou não dando certo.

Resignou-se e, com o tempo, foi se afastando da família e da vida social. Os pais eram falecidos, os irmãos tinham suas próprias vidas para cuidar e moravam em cidade distante.

Também não tinha amigos. Sua vida basicamente se resumia ao trabalho diurno, como vendedora numa loja, e assistir televisão à noite.

Era uma mulher prática, objetiva, que não demandava muito para levar a vida, nem possuía grandes aspirações (pelo menos não mais).

Funcionária exemplar, todos ficaram intrigados quanto faltou 3 dias consecutivos ao trabalho.

Foi necessário que a curiosidade levasse alguém a ter iniciativa de bater à sua porta, procurar uma resposta sobre o que havia acontecido. Joana não tinha contato com seus vizinhos, mas não fora avistada nos últimos dias. Teria viajado, fugido, de uma hora para outra?

Uma semana desaparecida, tomaram a medida drástica de arrombar a porta de seu apartamento.

Joana foi encontrada, deitada no chão da sala.

Morreu sozinha, como tinha sido nos últimos anos de sua vida.