O MESTRE E A ROSA -( Guarany e Rosa Magalhães)

Crônica adaptada da música, O Mestre e a Rosa

Autor – Jacaré do Corrente em 1983

Lembro-me muito bem das aves cantando espalhando seus sons maviosos por todas as partes de Santa Maria da Vitória e do sertão. Recordo-me do sol nascendo surgindo por detrás das matas, lá na curva do rio Corrente, correndo em direção ao Domingão. O espetáculo era uma coisa maravilhosa! As árvores das matas e o pomar que rodeava a casa dos Laranjeiras e, o reflexo do sol nas águas correntes, formavam uma bela paisagem, jamais pintada por um grande artista. Por isto estão apenas nas memórias.Quem sabe, algum dia, alguém com a sensibilidade de um artista possa registrar este espetáculo cinematográfico da natureza.

Lembro-me da névoa que sai do leito do rio se dissipando, espiado pelo tamarindeiro e os juazeiros da beira do rio, a medida que o calor do sol começa a impor o seu poder; O mesmo acontece com os orvalhos que umedecem as folhas dos fedegosos que começam a gotejar com o aquecimento molhando o pó das areias das ruas, preparando os areões para ficarem escaldantes quando o sol chegar a pino.

O mais marcante na verdade nas lembranças, são aquelas mãos calejadas que através do formão e, a cada batida, sincronizada, concatenada, certeira, vão dando forma de carranca a um pedaço de tronco de árvore, que a natureza levou anos para construir, e o mestre, com o seu toque de mágica o eterniza. É saudade que do peito arranca destas mãos calejadas fazendo as belas carrancas.

E a Rosa! Tão perfumosa com as mãos talentosas ensinando as letras, (window) do saber para o universo! Com aquelas mãos talentosas a Rosa ensinava o bê a bá nas salas de aulas, e, nas horas vagas, também ensinava às donzelas o ofício da costura e do bordado.

Muitas vezes o Mestre e a Rosa caminhavam juntos lado a lado, e o Rio Corrente, que depois de fotografar os reflexos da pedreira no seu curso sinuoso, entrando na cidade regando as suas terras, registrava tudo em versos e prosa, cada passo do Mestre e da Rosa escrevendo,

assim, a história destes personagens tão importantes de Santa Maria da Vitória, com seu passado, seu presente e sua glória, terra santa e profana, palco do Mestre e a Rosa, terra já centenária.

O Mestre e a Rosa, memória, glória e história eternizadas.