“Eu te amo Dilma”...

Por Carlos Sena

 
 
Até que ponto um político corrupto não quer perder a boquinha? Tudo bem que denuncismo até existe, mas prefiro acreditar que “onde há fumaça há fogo”. Fogo, na verdade é o que mais existe em Brasília, mais do que fumaça. Mas o parlamentar do trabalho prefere fazer gracinha com coisa séria e tentar, sem contexto, fazer uma declaração de amor a quem não conhece, embora diga; a quem nem respeita, embora diga; a quem nem tem intimidade, embora diga. Quem tem sua boca diz o que quer, mas quem tem o poder não precisa dizer, apenas escrever e publicar. Pronto. Há quem duvide que isto vá acontecer com esse ministro que concorre com a bala? Pois é. Só uma bala o derruba, mas a Presidente já deu o tom do seu governo e ele bem que já sabe disto. Mesmo nessa retórica da bala, o ministro trabalhou mal, pois nessa violência que vivemos, até bala tem que virar bom-bom ou confeito, como se diz no nordeste.
Diante de tanto ministro envolvido em corrupção, a gente fica pensando que nosso país é, de fato, muito rico. Sendo essa prática tão antiga, não fossemos ricos, já teríamos sucumbido da face da terra. Então a gente imagina como nossa educação e nossa saúde e nossa cidadania estaria a mil, não fossem esses que estão aí, há séculos, dilapidando nossas riquezas. Contudo, o que nos entristece além da roubalheira é a cara de pau e o romantismo de ocasião. Provavelmente esse ministro não se dê ao “trabalho” de fazer uma declaração de amor a sua própria esposa, mas a faz a presidente como se ela fosse uma bobinha, ou se estivesse lá por acaso, por fetiche ou coisa assim. “Dilma, eu te amo”! Que coisa horrorosa essa declaração. Será que o ministro faz outras declarações como a do imposto de renda? Deve tê-la feito, mas com a mesma fidelidade com que fez em sua declaração a Dilma.
Pois é. A nação está aí meio paralisada, mas a gente sabe que no fundo a presidente está fazendo o que deve ser feito. Para os mais experientes, o estilo Dilma é de surdina, meio que mordendo e assoprando, pois senão ela não avança. Essa é uma estratégia muito utilizada em sistemas corroídos pela corrupção, pelas relações clientelistas e coronelistas que ainda estão vivas nos porões dos nossos palácios. Neste viés, palácios e palafitas ainda se mantém com ligação direta, posto que a falta de investimento em educação sempre significou um estímulo ao voto cabresto, mesmo na era da informática.
“Dilma, eu te amo”. Melhor que a gente diga a ela no final do seu mandato – é o que desejamos a nossa presidente pela esperança de que ela diga pra que veio aos que imaginavam que ela não viria...