Jeitinho brasileiro
Muitos de nós brasileiros gostam de contar vantagem do chamado "jeitinho brasileiro". Dissemos que somos espertos, hábeis para resolver situações inesperadas, inusitadas, que esse jeitinho é uma grande virtude e diferencial do povo brasileiro. Não posso discordar que somos espertos, sabemos lidar com situações adversas e não desistimos nunca, até porque somos um povo formado por diversas culturas e costumes os quais foram se misturando e formando o que somos hoje. Mas o que eu quero chamar a atenção é que esse jeitinho brasileiro muitas vezes e, talvez, na maioria delas, tem a ver com ações ilícitas, criminosas, maliciosas. Das menores às maiores atitudes que fazemos para levar alguma vantagem sobre os demais, estamos na verdade cometendo atos e ações maliciosas. Desde não devolver o troco a mais que recebemos, cruzar um semáforo amarelo, furar a fila ou estacionar em vaga de deficiente. Temos que ter a consciência de que estas pequenas ações aprentemente inofensivas vão se enraizando na cultura e na formação de nossos adolescentes e nossas crianças de tal forma, que quando forem adultos e estiverem em situações similares, não pensarão duas vezes em cometerem atos idnticos aos que nós hoje cometemos.
Falamos e criticamos muito os políticos e gestores de empresas públicas pela corrupção desenfreada que tomou conta do poder público brasileiro, mas nos esquecemos que estas mesmas pessoas corruptas, um dia foram pessoas do povo, de todas as classes sociais brasileiras. O exemplo é o rei educador. As ações e atitudes que tomamos hoje estando ou não sendo vigiados, é que vão fazer a diferença na formação cultural e ética da futura geração de gestores, públicos ou privados, que hoje são nossas crianças e adolescentes. O tal jeitinho brasileiro deve ser hoje interpretado como uma atitude de competência e não de malícia em querer levar vantagem em tudo e sobre os outros cidadãos. A nova geração merece uma ética melhor do que essa que está aí hoje.
Roberto Lima