DE BAIXO DA CAMA...
Nunca me pareceu que debaixo de uma cama me sentiria tão confortável.
Mesmo nos momentos de maior loucura, ou nas vergonhas de maior vigor, ou quem sabe nas “lombras” de maiores brasas, realmente, nunca me passou pela cabeça que eu, portando meus noventa e cinco quilos, alojar-me-ia em um espaço de pouco mais de um palmo de largura, e, que me seria tão confortante.
Mas, foi. E, como diz o matuto: “Deixe de Calma!...”, lhes desvelo os pormenores do percurso entre a motivação, o objeto do feito, e os miríades da conclusão.
Idéia nascida de um amor delicado, de um gostar tão gostoso que margeia a falta de pretensão. Imaginária, no entanto, não platônico, pois é real, porém dinâmico, narcísico, tão vazio de volúpias avassaladoras que beira a chamada “amizade colorida”.
Mas isso se disserta no que se refere à paixão carnal do ser amado. Tão amado que é como se cada dia que se tem unido, traz consigo a bagagem de mais de ano de um vivenciar conjugal.
Mas, como repito, alheio às lascívias do carnaval, onde o amor a dois repousa na leveza de ser sutil, em que os gemidos mais parecem orações, a qualquer que seja o Santo, em qualquer que seja o panteão.
As mãos se unem pra ofender e perdoar, os gritos soam alto, mesmo por dentro de nossas mentes, em nossa telepatia tão perfeita que faz com que nossas qualidades mais distintas e antagônicas, pareçam bipolaridade de um ser único e normal.
E ainda creio que falei somente de nossos corpos, logo, de nossa paixão. Talvez porque ainda não tenha desvendado o amor que existe de nós por nós mesmos.
Ou que a definição real seja contrária à imaginária, de haver dois sentimentos tão próximos um dos outro, e, difíceis de distinguir, tão difícil como o “dolo eventual e a culpa consciente", o início do céu e o limite do mar, ou o abismo do presságio que o difere do sonhar.
Tão distante do ódio, por sua complexidade, acredito que AMOR seja gênero, do qual, paixão é espécie, não apenas esta, como, a amizade, a compaixão e a generosidade, e, que para senti-lo é necessário que se faça um misto aglutinado e cumulativo de todas as espécies do gênero amor destinados a uma única pessoa, para, então, conhecê-lo!
Talvez seja por isso que temos paixões, amigos, com alguns somos generosos, com vários destes somos pacientes, e com todos eles temos cautela.
E, já que sinto tudo isso ao mesmo tempo por você, creio que já posso dizer que te amo!
Tem gente que ama dez por cento de uma pessoa. Outras menos. O restante de seu amor está direcionado às pessoas jurídicas que fornecem os suprimentos necessários para que se possa alimentá-lo:
1) - A perfumaria; = 10%
2) - A joalheria; = 10%
3) - A sapataria; = 10%
4) - A boutique; = 10%
5) - A clínica odontológica; = 10%
6) - A empresa em que seu “amor” trabalha; = 10%
7) - A montadora automobilística; = 10%
8) - A empresa de cartão de crédito; = 10%
9) - A clínica de estética (inclui o estúdio de cabeleireiros e manicure); = 10%
Então, aqui, temos a composição de “amores”, tanto hodiernos quanto mais antigos. E as pessoas ainda se perguntam o porquê de os mesmos se desgastarem. Eles não se desgastam. Não se desgasta algo que não existe.
É comum a dificuldade que se tem de dizer a alguém que a está amando. Proveniente de uma incerteza que o tão cruel sistema já conseguiu incutir nas mentes.
Ou então quando essa certeza desaparece, correm logo para o altar, ou mesmo para o taxi, com as malas prontas para dividirem um vida moderna. Resultado, o relacionamento naufraga, porque a cada dia se descobre que essa pessoa:
1) Quando acorda, tem murrinha!
2) Seu corpo é forrado de pele e o que brota dela são espinhas e cravos, e, não, pérolas!
3) Que seus pés tem unhas que crescem, e no frio são gelados, ou que por vezes estarão ásperos, ou, com frieiras!
4) Que seu corpo não é revestido com a mais pura seda, e que essa pele transpira, e que as axilas têm odor e que os pés têm chulé!
5) E que as pessoas acordam com mau hálito, e que quando almoçam o feijão enrosca nos dentes e que essa pessoa fala palavrão!
6) Perceberá que esse “amor” ficará desempregado algum dia, ou que sua renda diminuirá por vezes, e que ambos terão de dividir as despesas da casa que agora serão reduzidas, e enfrentar para poder ascender novamente e com mais força!
7) Que um dia o carro vai quebrar e que vocês terão de passear de trem e ônibus, ou, se for no sertão das Alagoas, de pau-de-arara!
8) Que um dia o nome desta pessoa ficará sujo, e que não dará mais pra comprar as bugigangas de costume, e, por milhares de vezes, desnecessárias, no cartão de crédito!
9) E, que também, o cabelo dela terá pontas duplas, talvez não poderá dar aquele tratamento, as unhas serão feitas por ela mesma, ou ele nem fará as unhas! Ambos poderão engordar, é a lei natural da vida! Pessoas ocupadas demais não tem tempo de malhar...
Porque a única coisa que importa é o único fator pelo q ual a grande maioria das pessoas não se apaixona que é justamente os 10% que faltam para a pessoa ter certeza de que ama a outra realmente...
Os 10% que na realidade é o todo:
“A PESSOA DE QUEM SE AMA...”
E digo, dos outros 90% do meu amor:
1) – O cheiro de tua pele sem químicas, e, suada; = 10%
2) – O teu olhar, a pureza de sorriso e sua alma maravilhosa (as maiores jóias); = 10%
3) – Seus pés gelados que eu esquento com as minhas pernas; = 10%
4) – Sua pele nua roçando na minha; = 10%
5) – As mais belas palavras de amor que ela profere; = 10%
6) – O feijão com farinha que a gente come no “fim de mês”; = 10%
7) – A oportunidade de caminharmos a pés pela madrugada; = 10%
8) – O botequim do Neguinho, onde eu bebo fiado pra pagar depois; = 10%
9) – O sono das 5:00 horas da manhã, quando nos levantamos pra nos exercitar, e nosso esforço mútuo pra aprender como cuidar um do outro; = 10%
E isso compõe o nosso amor... Quanto ao me esconder debaixo da cama... Bem... Fica pra outra oportunidade!
Graciliano Tolentino
Nunca me pareceu que debaixo de uma cama me sentiria tão confortável.
Mesmo nos momentos de maior loucura, ou nas vergonhas de maior vigor, ou quem sabe nas “lombras” de maiores brasas, realmente, nunca me passou pela cabeça que eu, portando meus noventa e cinco quilos, alojar-me-ia em um espaço de pouco mais de um palmo de largura, e, que me seria tão confortante.
Mas, foi. E, como diz o matuto: “Deixe de Calma!...”, lhes desvelo os pormenores do percurso entre a motivação, o objeto do feito, e os miríades da conclusão.
Idéia nascida de um amor delicado, de um gostar tão gostoso que margeia a falta de pretensão. Imaginária, no entanto, não platônico, pois é real, porém dinâmico, narcísico, tão vazio de volúpias avassaladoras que beira a chamada “amizade colorida”.
Mas isso se disserta no que se refere à paixão carnal do ser amado. Tão amado que é como se cada dia que se tem unido, traz consigo a bagagem de mais de ano de um vivenciar conjugal.
Mas, como repito, alheio às lascívias do carnaval, onde o amor a dois repousa na leveza de ser sutil, em que os gemidos mais parecem orações, a qualquer que seja o Santo, em qualquer que seja o panteão.
As mãos se unem pra ofender e perdoar, os gritos soam alto, mesmo por dentro de nossas mentes, em nossa telepatia tão perfeita que faz com que nossas qualidades mais distintas e antagônicas, pareçam bipolaridade de um ser único e normal.
E ainda creio que falei somente de nossos corpos, logo, de nossa paixão. Talvez porque ainda não tenha desvendado o amor que existe de nós por nós mesmos.
Ou que a definição real seja contrária à imaginária, de haver dois sentimentos tão próximos um dos outro, e, difíceis de distinguir, tão difícil como o “dolo eventual e a culpa consciente", o início do céu e o limite do mar, ou o abismo do presságio que o difere do sonhar.
Tão distante do ódio, por sua complexidade, acredito que AMOR seja gênero, do qual, paixão é espécie, não apenas esta, como, a amizade, a compaixão e a generosidade, e, que para senti-lo é necessário que se faça um misto aglutinado e cumulativo de todas as espécies do gênero amor destinados a uma única pessoa, para, então, conhecê-lo!
Talvez seja por isso que temos paixões, amigos, com alguns somos generosos, com vários destes somos pacientes, e com todos eles temos cautela.
E, já que sinto tudo isso ao mesmo tempo por você, creio que já posso dizer que te amo!
Tem gente que ama dez por cento de uma pessoa. Outras menos. O restante de seu amor está direcionado às pessoas jurídicas que fornecem os suprimentos necessários para que se possa alimentá-lo:
1) - A perfumaria; = 10%
2) - A joalheria; = 10%
3) - A sapataria; = 10%
4) - A boutique; = 10%
5) - A clínica odontológica; = 10%
6) - A empresa em que seu “amor” trabalha; = 10%
7) - A montadora automobilística; = 10%
8) - A empresa de cartão de crédito; = 10%
9) - A clínica de estética (inclui o estúdio de cabeleireiros e manicure); = 10%
Então, aqui, temos a composição de “amores”, tanto hodiernos quanto mais antigos. E as pessoas ainda se perguntam o porquê de os mesmos se desgastarem. Eles não se desgastam. Não se desgasta algo que não existe.
É comum a dificuldade que se tem de dizer a alguém que a está amando. Proveniente de uma incerteza que o tão cruel sistema já conseguiu incutir nas mentes.
Ou então quando essa certeza desaparece, correm logo para o altar, ou mesmo para o taxi, com as malas prontas para dividirem um vida moderna. Resultado, o relacionamento naufraga, porque a cada dia se descobre que essa pessoa:
1) Quando acorda, tem murrinha!
2) Seu corpo é forrado de pele e o que brota dela são espinhas e cravos, e, não, pérolas!
3) Que seus pés tem unhas que crescem, e no frio são gelados, ou que por vezes estarão ásperos, ou, com frieiras!
4) Que seu corpo não é revestido com a mais pura seda, e que essa pele transpira, e que as axilas têm odor e que os pés têm chulé!
5) E que as pessoas acordam com mau hálito, e que quando almoçam o feijão enrosca nos dentes e que essa pessoa fala palavrão!
6) Perceberá que esse “amor” ficará desempregado algum dia, ou que sua renda diminuirá por vezes, e que ambos terão de dividir as despesas da casa que agora serão reduzidas, e enfrentar para poder ascender novamente e com mais força!
7) Que um dia o carro vai quebrar e que vocês terão de passear de trem e ônibus, ou, se for no sertão das Alagoas, de pau-de-arara!
8) Que um dia o nome desta pessoa ficará sujo, e que não dará mais pra comprar as bugigangas de costume, e, por milhares de vezes, desnecessárias, no cartão de crédito!
9) E, que também, o cabelo dela terá pontas duplas, talvez não poderá dar aquele tratamento, as unhas serão feitas por ela mesma, ou ele nem fará as unhas! Ambos poderão engordar, é a lei natural da vida! Pessoas ocupadas demais não tem tempo de malhar...
Porque a única coisa que importa é o único fator pelo q ual a grande maioria das pessoas não se apaixona que é justamente os 10% que faltam para a pessoa ter certeza de que ama a outra realmente...
Os 10% que na realidade é o todo:
“A PESSOA DE QUEM SE AMA...”
E digo, dos outros 90% do meu amor:
1) – O cheiro de tua pele sem químicas, e, suada; = 10%
2) – O teu olhar, a pureza de sorriso e sua alma maravilhosa (as maiores jóias); = 10%
3) – Seus pés gelados que eu esquento com as minhas pernas; = 10%
4) – Sua pele nua roçando na minha; = 10%
5) – As mais belas palavras de amor que ela profere; = 10%
6) – O feijão com farinha que a gente come no “fim de mês”; = 10%
7) – A oportunidade de caminharmos a pés pela madrugada; = 10%
8) – O botequim do Neguinho, onde eu bebo fiado pra pagar depois; = 10%
9) – O sono das 5:00 horas da manhã, quando nos levantamos pra nos exercitar, e nosso esforço mútuo pra aprender como cuidar um do outro; = 10%
E isso compõe o nosso amor... Quanto ao me esconder debaixo da cama... Bem... Fica pra outra oportunidade!
Graciliano Tolentino