Fenômenos Possíveis de Serem Vistos em 11/11/11

Fenômenos Possíveis de Serem Vistos em 11/11/11




• Com um pouco de esforço será possível ver Jean-Baptiste Debret entrar no veleiro Calpe, embarcação essa encarregada de levar a Missão Francesa ao Brasil. Os que estiverem com um grau de adiantamento maior saberão que Debret estava com 48 anos e havia recusado, de última hora, integrar outra missão de artistas franceses para desempenhar em solo russo, a convite do Czar Alexandre I da Rússia. Para os que estão realmente adiantados espiritualmente, verão com clareza o veleiro norte-americano Calpe sair do Havre em 22 de janeiro de 1816 e aportar no Brasil em 26 de março de 1816.

• Aos acostumados com a junção de adjetivos cujo intento é enaltecer um fato, pessoa ou objeto, cuidado com: “Revolucionário, descrição emblemática de era e lugar”, “Sensacional, algo que só aparece uma vez em cada geração”, “Uma raridade memorável”, “Imenso e inebriante”. Tais palavras estão fora do contexto 11/11/11, tendo sido usadas pela mídia especializada estadunidense para descrever o filme “A Rede Social”.

• Para os que têm medo de insetos, aconselha-se nesta data a ficarem em casa, pois subprofecias proclamam que só os privilegiados poderão ver com absoluta clareza o seguinte fato descrito a seguir, lembrando porém que muitas pessoas são privilegiadas sem se darem conta disso.

“Não havia como hesitar entre um rancho aberto e uma casa mais asseada; fomos para esta. A casa tinha uma sala, uma alcova, um corredor e uma cozinha. Ficamos na sala, onde havia um catre sem colchão e um jirau de palmito. Ao clarão do fogo desdobra-se diante dos nossos olhos um quadro assombroso, que se desenha nas 4 paredes do pequeno compartimento onde estávamos! O teto, as paredes, os arreios, ponches, botas baixeiros, camas, o chão - tudo estava coberto de uma densa camada de baratas de todos os tamanhos e de todas as cores, cujo movimento produzia um som confuso que chegava aos nossos ouvidos!

Carlos Augusto, que estendera alguns baixeiros molados ao chão e deitara-se prostrado pelo cansaço...ficou inteiramente coberto de baratas!

O bom do caboclo trouxe-nos uma galinha ensopada, eu nem sei se a pudemos comer, a fome era extraordinária, mas a repugnância era maior! Carlos Augusto levantava, sacudia a roupa e os baixeiros e de novo deitava-se...mas as baratas de novo o cobriam dos pés à cabeça! Eu quis deitar-me e sempre levantei, porque as baratas subiam-me pelas pernas, passeavam-me pela cara, pelos cabelos, enfim, pelo corpo todo”.

(J.A. Leite Moraes - advogado, político - “No caminho de São Paulo a Goiás” - 1880 ).

• Os que estão em paz com a própria consciência não acharão tão espantoso assim, ouvirem com perfeita nitidez as palavras: “O que há de mais importante na literatura é a aproximação, a comunhão que ela estabelece entre seres humanos, mesmo à distância, mesmo entre mortos e vivos. O tempo não conta para isso. Somos contemporâneos de Shakespeare e de Virgílio. Somos amigos pessoais deles”.

(Carlos Drumond de Andrade)

• Enfim, aos que pressupõem intimamente a existência de algo aquém e além de tudo e ainda por cima acham, sem no entanto externarem, que milagres acontecem todos os dias, será possível ouvir do cidadão Jair, que perambula pela Vila Clementino há 35 anos carregando uma sacola e falando com sua fala enrolada coisas que ninguém entende, a seguinte mensagem - “Morte é descanso. Viver é trabalhar para Deus”.




(Imagem: Bowl com Pés Humanos, Egito Predinástico, Naqada tardia l-Naqada II, ca. 3900-3650 A.C.E. Cerâmica) 
 
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 10/11/2011
Reeditado em 27/08/2021
Código do texto: T3328374
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