Em memória de um dia de sol

Eu nunca consegui entender , o porquê de tanta pressa em se chegar a uma falsa perfeição , que só será percebida o quanto é hipócrita , quando não fizer mais nenhum sentido.Não consigo ver razão plausível no gosto de andar pela areia da praia e nela deixar pegadas , porque estas são como grandes ilusões , que agradam , porém nunca serão eternas , pois o mar vem sempre para tragá-las.E quanto ao brilho e o calor do sol?Será que é possível se compreender o que atrai milhares de corpos por dia para diante dele , tostarem a tão sensível pele?Ou ainda , dizer que os raios solares renovaram sua alma por inteira?Bem , são questões que passam pela mente o tempo todo , mas como não se tem resposta de imediato , deixam elas se perderem ou simplesmente se tornarem pegadas na areia , esperando somente que o mar venha buscá-las e as mesmas virarem ilusões.

Com o tempo , coisas simples viram complexas, e as difícies acabam sendo esquecidas para sempre ou até o mar devolve-las.Se percebe que amar o inalcançável e viver sem limites , de nada serve se não há a noção exata do que está se fazendo ou tentando fazer.Derramar lágrimas ,já não é vergonha , nem sinal de fraqueza , mas sim entender o real motivo para querer tanto uma coisa , e as lágrimas seriam o resultado imediato e sensível de sua comoção e interação com metafórico.Com certeza é inexplicável e surreal quando esses temas cruzam o caminho de um indivíduo , porém inexplicável e surreal também é o querer de alguém.

Foi pensando nisso , em tudo isso , que sai de casa quando o sol ainda se arrumava para aparecer diante dos olhares críticos do mundo e sem direção alguma andei reto , sem limites ou ponto imaginável.Estava de bem comigo mesmo ,e por isso , não quis pensar em meus amores antigos ,em quem amava e quem amaria algum dia novamente se fosse possível.Cantarolava uma música qualquer , sem começo , meio ou fim e misturava ela com uma história que estava inventando naquele momento.A história da minha vida?Minha viagem para Marte? Enfim , só sei que era uma história.

Quando dei por mim , estava no mundo das ilusões ,onde elas são idealizadas e depois somem , como um bravo sopro de vento.Estava na beira da areia branca e fofa , olhando concentrado o mar azul e repleto de paz.Parei , suspirei longamente e me sentei com as pernas cruzadas , deixando aquela areia camuflar minha pele amedrontada e que ainda sentia o frio castigador da manhã.Neste momento , o sol já vencia as poderosas nuvens e deleitava seu brilho, iluminando a linha perfeita do horizonte infinito.Um leve vento começou a soprar , acariciando meus cabelos e me lembrando do leve e amoroso toque de minha mãe , quando perante meu pranto , me convencia que ir para a escola não era o fim do mundo e logo ela estaria de volta , me pondo em seus braços.Sorri , como uma criança faz ao receber algo que aprecia muito.Chorei , como um bebê que teme a vida.

Quando abri os olhos , o dia já estava de pé e o mundo já caminhava em volta de mim com toda a violência que se pode esperar e a rispidez entre seres da mesma raça:Os seres humanos!Competiam por tudo , por todos e pelo nada.Queriam ter o melhor ,porém davam em troca o pior , o oculto e o ludibriável.

Era um dia comum , em uma cidade comum e com pessoas ainda mais comuns , em todos os aspectos.Quanto a mim , a solução encontrada foi refazer algumas atitudes tomadas no caminho para lá. Sendo assim , continuei de bem comigo mesmo . Entretanto , comecei a pensar em meus amores antigos ,em quem estava amando e quem amaria futuramente se fosse possível.Inacreditável? Diria mais , diria que pensar em amor , amor mesmo ,amor que vai além de tudo , não pode nem por um segundo causar aborrecimento , pois o amor é tão marcante e penetrante , quanto esse dia de sol , memorável e apaixonado.

JBorsua
Enviado por JBorsua em 09/11/2011
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