Próximo de completar mais uma primavera, diga-se de passagem, está mais pra outono. Vem a pergunta da filha: mãe, o que você quer de presente?
Eu, dou a mesma resposta do ano anterior e dos demais. Nada, nada mesmo. Presente, recebo todos os dias, na forma de carinho, atenção e amor.
Ela, não se dando por satisfeita, conta: ontem sonhei com a kauai, e já decidi, vou te levar pra escolher um filhote de Golden Retriever, e no dia do seu aniversário, virá com um laço de fita, de presente pra você.
Atenção, carinho, gentilieza, responde pelo nome de amor. E esse tem sido meu principal alimento.
Ora dou, ora recebo do amor que dou. E muitas vezes, recebo muito mais que dou. Já recebi, sem nem sequer ter ofertado. Outras vezes, dei e não recebi amor de volta. Faz parte da vida.
Creio que amor alimenta nossa alma, da mesma forma que o pão alimenta o corpo.
Estou chegando ao último digito da casa dos cinquenta anos. Ano que vem, entro nos sessenta.
Quando olho no espelho, fiel e leal amigo, vejo uma senhora, cujo rosto aprensenta um mapa, dos roteiros percorridos. O passado está lá, presente em marcas acentuadas. Gosto de olhá-las.
Quintana já disse: "O passado não reconhece o seu lugar, esta sempre presente".
Concordo com ele, eu sou também, o meu passado, com ele me construí, os sulcos que meu rosto apresenta, é resultado de percalços, lutas, dores, tristezas, lágrimas, perdas, saudade. Mas, também tem as rugas formadas pelos sorrisos dados, das lágrimas vertidas por alegrias, conquistas feitas, vida bem vivida, e felicidade sentida.
O hoje, é o que conta, sem dúvida.
Se ainda tenho sonhos!? Ah, tenho sim, e por que não?!
Claro que, os sonhos vão mudando a cada fase da vida, mas eles continuam a existir, talvez sem fantasias, ou ansiedades, que antes os caracterizavam, mas estão em mim.
"A vida não basta ser vivida ela precisa ser sonhada".
Já escreveu, Quintana.
São quase seis décadas de vida, por isso a data merece um brinde!
Nesse espaço de tempo: nasci, cresci (certo que não muito, rs).
Aprendi, continuo a aprender.
Perdi, ganhei.
Sofri, sorri.
Amei, amo, fui amada, sou amada.
Chorei, senti alegria.
Aprendi a ter fé em mim, e NELE.
Enfim, tenho vivido uma vida comum, pra quem vê pelo lado de fora. Mas, plena pra quem observa pelo lado de dentro.
Sei que tenho feito dessa existência uma oportunidade de voltar para o lugar de onde vim, acrescida de alguns valores.
Isso é o maior presente que prometi dar a mim mesma, não desperdiçar o presente de viver.
Por isso, posso escrever, sem medo: TENHO O QUE BRINDAR, E, MAIS AINDA, MUITO A AGRADECER.