A estampa da felicidade.
"Somos vigilantes da felicidade, estamos sempre pulsando-as nas esquinas, avenidas, ruas e calçadas da vida.
Somos perecedores de tantas mazelas, atormentados pela sensação , onde na imaginação é completa.
Felicidade tem-se no curto espaço , assemelha-se com os primeiros raios de sol que tocam o chão, não dura o dia inteiro, mas enfia-se no torpor das horas, e nos quilometros da distância, seja lá onde for.
Certos de que a humanidade corre pro avanço, perdemo-nos em buscas insatisfeitas, em objetivos embaraçados, agradando a todos, jamais agradados, e tudo parece tão natural, que torna-se estranho aquele que se atrasa no serviço, ou no compromisso, pra apreciar o doce aroma da vagareza das horas.
Degradamos nossas almas em insatisfação, porque vivemos nas sombras do que há de vir no futuro. E há quem diga que olhar para o futuro é viver. Discordo. Viver me parece presente, dia pós dia, sorriso pós sorriso, choro pós choro. A humanidade se debruça sobre muretas prestes a desmoronar, há quem prefira correr o risco, eu prefiro poupar-me dores desnecessárias, tomar uma cerveja gelada, e confiar nas horas.
Não que esteja poupando esforço, mas gasta-los de modo desnecessário é desperdicio, correr sem saber para onde é despretenssão, há de haver objetivos maiores e mais valiosos, do que verificar a conta bancária buscando felicidade em notas azuis ou na soma de todas elas.
A vida é o palco de ensaios magnificos, mas de que valem?
Ensaiar a vida , e não prestar-se as luzes da ribalta, de nada vale o tempo investido.
É preciso saborear as desgraceiras da vida, como o mel que vem na sequência.
A felicidade tem estampa, tem tom, e tem tecido, mas tem sua parcela nas sombra, na pele, e no silêncio.
Eis então que somos vigilantes da felicidade, porém cegos, porque ainda existe importância demais dedicada a fuga da mesma. Quando se é somente necessário construir os caminhos que a façam voltar a pés nús.
Charlene Angelim