SUSTO E APREENSÃO
SUSTO E APREENSÃO
BETO MACHADO - 08/11/11
Há alguns dias atrás comentei com amigos sobre a incomodativa alienação dos estudantes brasileiros em relação aos fatos que se nos apresentam no exterior ou em nosso país, no que tange à política, à economia ou até mesmo à educação. Pois bem, foi só “falar no diabo, que apareceu o rabo”.
Três alunos da USP foram flagrados e presos pela PM de S. P. por porte de maconha dentro do Campus da Universidade. Teria sido essa, uma notícia sem importância? Não. Este fato virou um “rabo de foguete” para autoridades de diversas áreas da sociedade paulista.
A polícia militar, que já não era vista com bons olhos por grande parte do corpo discente da USP, teve muita dificuldade para executar a prisão, pois, rapidamente, um enorme grupo se mobilizou para tentar impedir que os três flagrados fossem levados para a delegacia. Sem lograrem êxito, mudaram de estratégia: ocuparam as dependências da Reitoria. Só que o modo foi, digamos, fora dos padrões de uma ação pacífica e ordeira. Portões, câmeras, móveis foram danificados.
A justiça determinou a desocupação do prédio mas o cumprimento foi parcial. Cerca de setenta estudantes não acompanharam a saída “espontânea” de seus colegas e permaneceram no local.
Hoje, após se esgotar o tempo limite dado pela justiça, para que os estudantes deixassem a Reitoria da USP, a Secretaria de Segurança de S. Paulo disponibilizou um aparato de 400 homens, cavalos, máquinas e equipamentos, que produziu um cenário digno de uma mega gravação cinematográfica, para cumprir a nova determinação da justiça, inclusive autorizada a usar a força, se necessário.
Esse episódio remexeu a minha memória e todo consciente coletivo dos brasileiros que viveram os anos de chumbo. Algumas perguntas também afloraram: -- A autonomia administrativa das universidades estatais deve lhes conferir direito ao monopólio da gestão da segurança em seus territórios?... Não estaria na hora de chamar à responsabilidade os dirigentes da UNE para defender as demandas de seus filiados?...
Deixo algumas sugestões às lideranças estudantis de todas as entidades afins: sejam protagonistas, não coadjuvantes. Promovam uma mega mobilização com auxílio das redes sociais; elaborem uma pauta comum e convoquem um ato público com temas exclusivamente vinculados à educação, em todas as grandes capitais, observando uma periodicidade conveniente.
Acredito que o resultado dessas atitudes proativas nos distanciará de sustos e apreensões futuras, outrossim nos aproximará de soluções pretendidas, e necessárias ao desenvolvimento do sistema educacional brasileiro.