Verdade ou Mentira?
Verdade é um conceito bastante relativo, pois a verdade de cada um pode muito bem não representar a verdade do outro. Assim, é preciso ter cuidado com afirmações “cabalísticas”, como se não fosse possível ver e entender o mundo de forma diferente. Quando o assunto é “verdade”, o melhor a fazer é utilizarmos uma boa dose de tolerância com a diversidade das opiniões alheias e chamá-la simplesmente de “a nossa verdade”.
Deixando um pouco de lado o aspecto filosófico, é curioso observar com isso ocorre no nosso dia a dia:
Certa ocasião, um senhor de meia idade chegou em casa arrasado. O seu médico havia diagnosticado que lhe restava apenas dois meses de vida, devido a um câncer que desenvolvera, já em fase terminal. Seu filho mais velho ficou furioso com médico por dar-lhe aquela notícias, dirigindo-se ao consultório em seguida.
Quando retornou relatou ao pai que o médico havia reconhecido o engano. Que em vez de dois meses, restava-lhe de fato quatro meses de vida.
Algumas pessoas defendem que independente das circunstâncias, a verdade deve ser sempre dita. Será? No caso acima, qual o ganho com a verdade? Acaso não seria mais humano deixar que o senhor vivesse o tempo que lhe restava, sem esta “guilhotina” no pescoço? Com certeza que sim. Neste caso, a mentira se justificaria por questões humanitárias.
Assim, nem sempre mentir traz consequências negativas; a não ser quando injustificável, quando se caracteriza pelo engano inconsequente, pela falsidade premeditada em proveito próprio; quando constantemente alimentada, e na bocas destes, até mesmo a verdade torna-se suspeita.
Conta um lenda que um chefe tribal levou seu filho mais jovem para a floresta, com a intenção de prepará-lo para a sua sucessão. Em dado momento, observaram, por trás das árvores, dois lobos em luta mortal. O velho chefe disse então ao jovem:
- “Em cada um de nós há também dois lobos em luta: a verdade e a mentira".
- “Quem vence?", indagou o jovem guerreiro.
- “Na floresta ou em seu coração, vence aquele que melhor você alimentar”.
Se for inevitável conviver com os dois "lobos", que seja com critério, sem magoar, ou ferir ninguém.
Fica aqui então o meu respeito e admiração a aqueles que até mesmo na mentira são nobres. Aos que fazem da mentira sua rotina, a minha tristeza, por privar a todos nós de seres humanos melhores.