NAMORAR - ARNALDO JABOR

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta

os braços, sorri e dispara:

´eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também´.

No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos

descompromissados, os adeptos da geração ´tribalista´ se dirigem aos

consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo

e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.

A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém.

Para comer a cereja é preciso

comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como:

não receber o famoso telefonema no dia seguinte,

não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa,

não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.

Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado,

roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.

Namorar é algo que vai muito além das cobranças.

É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia,

ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas,

transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné,

um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter ´alguém para amar´..

Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém.

É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...

Larissa Albuquerque
Enviado por Larissa Albuquerque em 08/11/2011
Código do texto: T3324317
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