COMPRA DE VOTOS

HISTORIAS CONTADAS EM JARINU.

DANILOS

A COMPRA DE VOTOS *

Há poucos dias vi o Ambésio, está mais gordo e careca mas continua o mesmo observador de sempre. Me contou que foi até a praça e viu as coisas de costume, o pessoal do truco, o bêbado cantando solitário, o Breno bravo com as coisas erradas, o Paulinho da banca brincando com as pessoas, gente passando de carro e acenando e pedestres apressados para ir aos bancos. Descreveu o dia a dia de nossa praça ou de outra praça qualquer em alguma cidade do país. Em seguida me relatou um fato que achou interessante; uma mulher chegou para pegar o taxi mas o motorista estava jogando baralho e eis que a passageira avisou logo que poderia terminar o jogo que ela aguardaria. O Ambésio definiu isso como coisa só possível de acontecer em uma cidade tranqüila igual Jarinu e então esclareci a ele que nem sempre é assim, pois outro dia um passageiro pediu um taxi e o motorista que estava jogando baralho respondeu que esperasse o jogo terminar ou pegasse o carro de trás e foi o que o homem fez mas sob protesto. Pouco tempo depois um cidadão comentava com veemência o fato do aparelho de Raio X ter quebrado e não terem providenciado um substituto e também da falta de condições para fazer exame de sangue com urgência. “Isto é um absurdo onde é que vamos parar?” dizia o homem indignado. Tanto falou, tanto reclamou até que provocou um sujeito que fica sempre encostado próximo da banca geralmente calado e de repente ele entra na conversa e pergunta ao homem que reclamava: “Porque você não procura atendimento particular ?. Você tem dinheiro eu te vi receber R$ 50,00 na eleição em troca do seu voto, use o dinheiro agora”. Pronto aí a coisa ferveu e começou o bate boca, mais gente foi participando e em questão de minutos estava formado um fuzuê. Da razão estar com um ou com outro para a compra de votos o assunto foi um tiro. Então segundo me contou o Ambésio alguns defendiam que a pessoa necessitada deve pegar ajuda seja de onde for, e outros afirmavam que o voto não pode ser comprado de nenhuma forma. E bate daqui e rebate de lá acabaram concordando com uma opinião, disseram “ Dar dinheiro a um eleitor em troca de voto é crime eleitoral, receber dinheiro de um candidato em troca de voto e votar em outro é punição do crime”. Dito isso todos concordaram e a muvuca começou a dispersar. O Breno foi esbravejar em outro canto, o bêbado continuou cantando, os taxistas voltaram a jogar truco e a praça voltou à sua modorra.

danilos
Enviado por danilos em 07/11/2011
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