Mistério
Eu vejo da minha janela o silêncio e a solidão do homem sentado a uma mesa quadrada. Quatro palmos em quatro lados. Quadratura perfeita?
Por minha janela fogem meus pensamentos que perscrutam a mesa quadrada com o homem solitário sentado na cadeira; única cadeira, velha cadeira. Tosca, a cadeira sustenta o homem só, que fita um copo vazio sobre a mesa quadrada.
Eu vejo da minha janela o silêncio e a solidão do homem sentado a uma mesa quadrada. Quatro palmos em quatro lados. Quadratura perfeita?
Por minha janela fogem meus pensamentos que perscrutam a mesa quadrada com o homem solitário sentado na cadeira; única cadeira, velha cadeira. Tosca, a cadeira sustenta o homem só, que fita um copo vazio sobre a mesa quadrada.
Da minha janela meus olhos veem um copo de vidro transparente vazio sobre a mesa quadrada, vazia de conforto, que sustenta os braços magros que sustentam o queixo magro e fino do homem solitário e triste que fita o copo pequeno, de vidro ordinário, vazio e solitário, que fita o homem só, com mãos vazias e dedos crispados sob um queixo tenso que sustenta uma cara esquálida.
Meus olhos não veem os olhos penetrantes incrustados naquela cara pálida sustentada por um queixo tenso que se apoia em dedos e mãos e antebraços e braços magros cansados de fitar o vazio do copo de vidro sobre uma mesa quadrada e vazia de tudo, exceto de dois braços que apoiam um queixo, uma face, dois olhos, um crânio e um cérebro. E um copo de vidro ordinário vazio repleto de ar.
Da minha janela, meu pensamento pulsa e busca o pensamento do homem magro e solitário sentado à mesa quadrada solitária que sustenta um único copo de vido transparente, e mais os braços, o queixo, a face, o crânio e o cérebro de um homem cujos pensamentos meu pensamento não consegue alcançar.
Da minha janela, penso: o homem não é singular, singular é o seu pensamento.
Da minha janela, meu pensamento pulsa e busca o pensamento do homem magro e solitário sentado à mesa quadrada solitária que sustenta um único copo de vido transparente, e mais os braços, o queixo, a face, o crânio e o cérebro de um homem cujos pensamentos meu pensamento não consegue alcançar.
Da minha janela, penso: o homem não é singular, singular é o seu pensamento.