Itaquerão, a Copa 2014 - Que Brasil é este?

Um País chamado Brasil admira o futebol.

O Povão na entrada dos estádios deixa cada qual lá uma semana de pão.

Num corredor de bandeiras coloridas e câmeras mil - posições desfilam os craques das grandes “seleções”.

No mesmo instante num corredor de macas enferrujadas e infecções - mil se “acomodam” os doentes nos grandes hospitais públicos.

A jogada maior é a imaginação da maioria

Enchendo o fim de semana de “emoções futebolísticas”

Está salva a esperança da nação.

A maioria jaz na saúde pública entregue as teorias e aos estágios “in loco”. Enquanto o paciente terminal sangra pela boca o estagiário recebe instruções para salvar ao próximo quando ele se formar daqui a mil anos ao salário de vintém.

Uma cultura de colonialismo agora "tecnológico" apenas continua a configurar o pobre do brasileiro como um ser que morre cedo porque não sabe viver ou nunca deveria ter nascido.

E os Hospitais particulares deixam morrer aos infartados e infartam as pessoas sãs que tem que pagar as contas pelas cifras astronômicas dos boletos "atualizados".

O Itaquerão e os demais Estádios gigantescos para uma Copa do Mundo 2014.

Milhares de turistas verão um Brasil que não existe

A verdade será escondida e a doença e pobrezas serão consideradas “defeitos de nascença” e "atração nacional".

Prostitutas serão "importadas" haja o consumo desenfreado.

Se antes houve guerras e destruição

Pouco se aprendeu

Continua o pobre cidadão urinando no corredor da morte

Cobrindo as suas vergonhas com os gols da "Seleção".

Tantos Governos se passam.

Tantos Presidentes sorridentes entregam os seus cargos e junto a eles as suas esquecidas promessas...

Tantos Presidentes sorridentes recebem os seus cargos e junto a eles oferecem as suas preciosas promessas...

Tantas Obras grandiosas inauguradas.

...E Ninguém aprendeu ainda a respeitar a vida e dar igualdade a todos os cidadãos.

A Terceirização espalhou emprego e acabou com o comprometimento do empregado com as instituições.

A Educação "para todos" deu direitos a todos e "esquecimento" aos deveres de todos com a nação.

Os professores que dariam rumo a Nação se perdem sem rumo na suas aptidões (faltam cursos, dignidade e respeito ao cargo)

Tudo deve ser privatizado dizem muitos...Imagine todos trabalhando pelo dinheiro...haja interesses excusos em tanta "privatização".

E a imprensa e as suas manchetes com a violência em primeira página todos os dias inserindo em nossas mentes imagens sempre negativas, transformando os "bandidos em mocinhos" como se só o roubo, os assassinatos dessem futuro ao cidadão.

Por isso tanta prostituição, tantos crimes, tantas mortes, tantos atropelamentos, tantas tragédias.

A vida está perdendo terreno para a morte ou todos estamos nos transformando em mortos-vivos?

Cadê os nossos heróis? Cadê os grandes exemplos? Os grandes escritores, os grandes cientistas, professores, as grandes idéias?

Uma econômia forte centrada na falta de segurança, corrupção, ineficiência, sem educação.

A econômia cresce vazia, sem preparo, com péssimos atendimentos públicos e particulares.

Um dia a ficha cai, o mundo desaba e o milagre, qual era mesmo?

Até as "válvulas de escape" de tanta ilusão que seriam a cultura, a música, o teatro, as crônicas e as poesias vão ficando à deriva, cada vez mais "esvoaçantes" fugindo da realidade e ficando somente num chão de estrelas, sem tocar o chão de nossa terra tão querida.

Já a delapidamos tanto que logo ficaremos sem minérios, sem petróleo e sem água.

E quem sabe estaremos logo delapidando os nossos próprios sonhos, porque nada mais terá valor.

O que julgamos eterno, o nosso amor pelo Brasil, pela terra que nos gerou está sendo trocado com quinquilharias importadas e nós cada vez mais materialistas no consumo desenfreado para alimentar povos escravizados pela fome e miséria.

Até as nossas crianças ainda nos primeiros passos a conhecer o mundo que as rodeia cercam-se de vaidades e egoísmos de seus pais.

A nossa música e literatura descaracterizadas por "pensamentos dominantes" de além-mar. Cadê a nossa identidade? Cadê o nosso som, a nossa história, o nosso amor?

"Que Brasil é este?" - A pergunta continua a mesma, Renato Russo

Robertson
Enviado por Robertson em 07/11/2011
Reeditado em 11/11/2011
Código do texto: T3321945