Estilo não-romântico
Certa vez, quando eu tinha uns 11 ou 12 anos, minha mãe conversava comigo no carro e dizia que ser romântica, hoje em dia, é ruim, você acaba sofrendo por esperar demais do outro ou pelo outro não ser tão romântico quanto você. Minha mãe sonhava com jantares a luz de velas, receber flores em aniversário, dançar em passinho lento com corpos colados e tal, tal, tal. Quando ela me contava esse tipo de coisa, pensava: não sou romântica. E até dizia, brincando, que se alguém me desse um buquê de flores eu o faria comê-lo.
O tempo passou, eu cresci, me apaixonei. Em geral, não sou daquelas pessoas que vivem grudadas em seus namorados, que ligam assim que acabaram de chegar em casa depois de um encontro com eles. Também não sou de me lamentar por não receber um presentinho ou uma demonstração especial em aniversários de namoros. Meu caso é bem mais sério. Amo as declarações inesperadas, a companhia, o ombro, o cheiro. Gosto de observar as pequenas ações que a pessoa faz no dia-a-dia por gostar de mim: as brincadeiras, as implicâncias, o ciuminho, os abraços e os beijos. Poxa, já havia até me esquecido deles. Quando não há nada disso, ou quando falta algo que pra mim seja imprescindível eu fico preocupada, estressada e choro, choro, choro. Ouço músicas de dor-de-cotovelo, vejo filmes água com açúcar e quando chove, sinto solidão. Sofro. Curto minha fossa por respeitar meus limites e meu tempo. Não vou pra festas pra fingir que me sinto bem. Ainda assim, me dizia não-romântica.
Um dia parei pra pensar e vi que (poxa, que irônico), talvez eu seja romântica! E da pior espécie: a minimalista. Ser romântico é não é só condizer com os parâmetros que a sociedade do capitalismo impõe. É perceber, na simplicidade da vida, o que é lindo. É um estilo de vida.