A ARTE DE ADOLESCER
Adolescência: fase de inquietudes, insatisfações e descobertas de si e do outro. Momento em que se começa enxergar o mundo sob seu próprio olhar... Quando o corpo vai tomando novos contornos e o conflito de identidade se instaura. Não se é mais criança, porém não se é, ainda, adulto.Quanta efervescência! Quanta metamorfose!
Já perceberam como crescer e ver o outro crescer dói? Sugiro, então, que, para amenizar essa dor, adolesçamos com arte.
Mas como fazer isso?
Pais e filhos, vivendo cada momento de uma vez, acalmando os ânimos quando aflorados. Conversando e exercendo alteridade.
Os conflitos vividos nesta fase da vida é fruto de uma gigantesca reforma cerebral, agravados pelo mundo apressado e injusto no qual vivemos. A adolescência se caracteriza, como:
idade da razão absoluta e imutável nem que seja por algumas horas,
idade do mais nobres sentimentos e/ou das mais vis atitudes,
idade da pressa, da urgência de viver, de gostar de som alto e aventuras insólitas, idade da preocupação com os temidos “micos”. E, sobretudo, idade de conflitos, entre ego, id e superego. O ID (inconsciente) tomando espaço e travando luta com o superego (consciência moral). E, para tentar equilibrar essas duas forças tão poderosas, encontra-se um EU (ego), acuado e em construção.
Isso me reporta ao educador, psicanalista e poeta Rubem Alves que, em seu livro “O Amor que Acende a Lua”, fala com sabedoria sobre essas três instâncias psíquicas preconizadas por Freud:
“Freud percebeu que o corpo era uma casa de três andares, onde moravam três moradores muito diferentes. No térreo mora um pacato cientista, professor, de hábitos tranqüilos e racionais. No porão mora um playboy sem juízo, que se entrega pela noite adentro a orgias barulhentas. No andar superior funciona um tribunal onde são julgados, condenados e freqüentemente punidos os que se desviam das leis impostas pelo juiz que preside o dito tribunal. Os nomes dos moradores são respectivamente, Ego, Id e Superego...”
Acredite, esses três “moradores” moram em cada um de nós e não é nada fácil lidar com eles. Agora, imagine essa gente toda dentro de uma mente adolescente? Deve fazer muito barulho!