Perseguida pelas palavras

 

 

Nossa palavra mala veio do francês malle, que eles nem usam mais. Lá é valise, o que me lembra uma malinha antiga da minha avó, igualzinha àquelas também antigas que os médicos usavam quando iam atender um paciente em casa. Dela tiravam um aparelhinho, punham uma parte em seus ouvidos e outra nas nossas costas, mandando-nos dizer A...A...A... Se você estiver na França e quiser despachar suas coisas, deve colocá-las na cantine, que é um baú de metal, não tem nada a ver com as cantinas italianas onde se pode comer boas massas.

 

Quando eu era criança, levava para a escola meus cadernos e livros na mala, carregando pela alça. Agora os estudantes usam mochilas, que depois de fazer estragos na coluna, passaram a ter rodinhas e por vezes chegam a ser maiores que minhas malas (de viagem). Crianças francesas carregam seus cadernos no cartable, um pouco maior do que a antiga mala de couro, feito de material moderno e colorido.

 

Tudo isso porque estou pensando na bagagem que pretendo reduzir ao mínimo para minha viagem, o que em francês seria ‘o pequeno bagagem para meu viagem’.

 

Na França qualquer mochila é sac à dos, quer dizer, que vai nas costas. Minha bolsa é só um sac. Já um beco, situação sem saída ou impasse é cul de sac, que recomendo falar assim mesmo, sem pensar na tradução...

 

E como vou para a Argentina, pode ser que haja uma grande confusão, porque minha mala vai virar valija e meu bolso não vai no bolso, pretendo usá-lo pendurado no ombro...

 

 

 

Bolso (em castelhano) = bolsa