A vida ri

Fiquei chocada com a noticia.

Ando meio alienada ao mundo, sem ver nem ler nenhum jornal há uns três dias.

Em três dias muitas coisas acontecem.

Nosso queridíssimo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está com Câncer.

Não fazia idéia de que um dia pudesse ver tal reportagem. Na minha cabeça infantil doenças não chegavam nem perto de seres tão humanos.

O choque foi o mesmo quando há dois meses vi a noticia que um dos maiores sanfoneiros deste pais, o Dominguinhos também foi diagnosticado com Câncer. Fico sempre muito assustada, não sei se é por ter acompanhando mesmo que pequena (tinha sete anos) uma amada tia minha que por decorrência do HIV adquiriu câncer, eu não sei.

Choro agora por medo insegurança, lembranças. Fico sempre angustiada com tal assunto, é um sentimento estranho seguido de um pensamento “caramba olha como não somos nada”. E esse meu sentimento egoísta e impotente, me faz olhar vida e perceber o quão maravilhosa que ela é.

Sabemos que estamos todos sujeitos a tudo, então porque agimos com tanta arrogância com a vida?

Acho que a vida ri. Coitado de nós, quem somos nós? Quem nós achamos que somos?

Senti-me muito envergonhada as tantas piadas que vi na internet sobre uma questão tão seria que é a saúde e sobre uma doença tão complicada como o câncer.

Agem como se fossem imunes esses criativos humoristas que divulgam com orgulho seu humor negro.

Na minha cabeça super racional não entendo como qualquer ser humano que já tenha passado por tantas coisas e que tenha feito tão bem a tantas pessoas tenha que passar por isso. Acho que escrevo também por medo, por medo de adoecer também, não quero adoecer nunca, uma dor de cabeça já me incomoda e muito, mas não tenho o controle não temos o controle. Não estou percebendo a proporção que esse texto está tomando, e receio de que ele pareça um tanto egoísta um tanto pessoal e nem um pouco humano nem solidário, se assim é ou se assim lhe parece peço desculpas.

Escrevo pra acalmar esse meu medo essa minha dor e escrevo a esses criadores. Somos menos que isso, nem melhores nem piores, somos seres humanos, nesse corpo vivo cheio de células vivas que podem se multiplicar desordenadamente a qualquer momento em qualquer corpo por qualquer motivo.

Esse texto talvez nem tenha muito o conteúdo claro, talvez nem tenha conseguido me expressar. Escrevo muito emocionada por vários motivos, tinha tantas idéias em escrever tantas coisas acho que não saiu nada do que queria, apenas algo clichê que todos estão cansados de ouvir. Escrevo na dor da perda, na perda de humanismo, na perda do coletivo cada vez mais presente na nossa sociedade, na perda de ser humano.

Mas também escrevo impulsionada pela coragem desses grandes homens que conheci e que conseguiram e conseguem ultrapassar tantos obstáculos em prol do próximo. Escrevo num único e verdadeiro sentimento de que tudo melhore, de que Lula se recupere assim como Dominguinhos e todos os portadores de câncer. E que tudo melhore pra nós, que usemos o olhar crítico em assuntos que realmente necessitem desse olhar, e para assuntos tão delicados como doenças que possamos ter somente um sentimento o de solidariedade e de humanidade.

Barbara Marques
Enviado por Barbara Marques em 06/11/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T3320329
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.