MÃE SOZINHA

Ser mãe sozinha é acordar de madrugada com o filho vomitando na cama. Ficar feito barata tonta, correndo de um lado a outro no quarto, apavorada, pensando mil coisas. E não fazer absolutamente nada.

É sentir-se culpada por não ter dado uma família de verdade para ele. Pior, não saber explicar o porquê dessa opção egoísta.

É sair às pressas para o hospital e não ter com quem dividir essa dor.

Também é ouvi-lo dizer ao amiguinho orgulhoso de ti, “a minha mãe não tem medo de baratas”.

É todas as noites espia-lo sentindo-se vitoriosa: Ele tem uma saúde de ferro. É estudioso, nunca repetiu o ano. Não diz palavrão, se considera uma criança civilizada. Torce para mãe arranjar um namorado. As intenções são claras: “ um irmãozinho para brincar com ele.”

Ser mãe sozinha é pensar mil vezes se deve sair. Deixa-lo na casa dos outros, longe dos brinquedos, daquele cantinho que já criou raízes.

Ser mãe sozinha é um aprendizado solitário a cada ano. Ser mãe do neném chorão. Acostumar-se com o peito caído, sendo sugado a cada três horas. As fraldas, mamadeiras, chupetas, as primeiras dentadas no peito. As primeiras palavras, a recompensa que não pedimos, mas exigimos sem perceber. Sermos chamadas de mamãe...

As descobertas,que na verdade, são nossas e deles.

Ser mãe sozinha é não ter a quem recorrer quando começam as perguntas sobre sexo. Não poder dizer: “ Vai perguntar para o teu pai!”

Ser mãe sozinha é ser rainha do lar no verdadeiro sentido da palavra. É ser um exemplo que nem sempre é o certo. Ter de tomar cuidado com as respostas. É não querer ter sempre razão...

RÔCRÔNISTA
Enviado por RÔCRÔNISTA em 06/11/2011
Código do texto: T3320059
Classificação de conteúdo: seguro