Sua Excelência, o Trovão
Quem já não caiu de susto após um ensurdecedor trovão...! Tá certo, você ainda não! Mas muitos já... certo...? Portanto eu estou nesse rol... eu já levei uma “queda” por causa de um trovão. Ironicamente, hoje eu tenho uma “queda” por trovão; tenho um verdadeiro, diria mesmo, um verdadeiro amor, disfarçado de temor e respeito! Mas... o trovão verdadeiro...! Aquele quebrado, estalado e prolongado...! Aquele que se sente tremer o chão...! Aquele que transporta a nossa mente e nos arremete aos confins do universo...! Aquele que se veem as crianças correrem para a cama dos pais, gritando... “Mamãe...!!! Mamãe...!!!” Aquele que parece desabar o céu sobre nossas cabeças e tantos outros.
Debaixo dos trovões a mamãe manda as crianças se enrolarem nas redes enquanto embala o bebê...“dorme nenê... que a cuca vem lalá... lalalalalalá...”; debaixo dos trovões a mamãe apaga as lamparinas para não serem vistos pelo abominável monstro do espaço; debaixo dos trovões a mamãe entoa o hino de Santo Izídio... “oh meu santo Izídio.... lá... lá... lá... olhe para a terra... lá... lá... lá...”; debaixo dos trovões a mamãe recomenda ao mais obediente... “Edim, meu filho, cubra o espelho da mesinha do santo e traga o vidro de água benta pra mamãe botar na janela...! Valei-me santa Bárbara!” E santa Bárbara sorri.
Debaixo dos trovões tem-se a sensação de que o bem paira sobre a terra, e de que o mal não existe.
Os trovões têm o poder de abrandar corações, amansar valentões e até de unir casais. Qualquer desavença familiar ou amorosa termina em perdão e abraços debaixo dos trovões. Em seu respeito os animais ficam mudos... até os sapos interrompem o coaxar.
É debaixo dos trovões que se tem a verdadeira consciência de que não somos nada, não sabemos nada e não valemos nada.
E é debaixo dos trovões que aprendemos a enxergar a Deus.
Aplausos aos trovões!