Um dia triste...
Todos os anos é a mesma coisa: vai me batendo uma tristeza e eu esqueço a razão de me fazer triste assim. Então o dia chega, o dia da tristeza infinita, o dia que marca a morte de meu pai. Cinco de novembro. Hoje, acordei sem lembrar, mas foi por pouco tempo. Tão logo abri um dos jornais da cidade, o Lavras News, que preza em manter viva a nossa história, lá estava a manchete: Novembro de lembranças de Geraldo Melo, Castejon Branco e Sylvio de Castro. Peço licença ao meu amigo Eduardo Cicarelli para transcrever aqui parte de seu artigo, a parte que diz respeito ao meu pai. “ O mês de novembro é lembrado pela classe política de Lavras como um mês triste, pois foi em novembro que três políticos conhecidos e respeitados faleceram: um ex-prefeito, um ex-vereador e um deputado federal. Três homens públicos que serão sempre lembrados pela comunidade lavrense. O primeiro foi o vereador Geraldo Melo, no dia 5 de novembro de 1985. Portanto amanhã, sábado, faz 26 anos de sua morte. Geraldo Melo foi, além de político, industrial, empresário, ruralista e proprietário da tradicional Padaria Rocha. Ele foi figura marcante do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) numa época em que ser oposição ao governo federal era considerado uma afronta.”
Lendo esse trecho lembrei-me com tristeza de que houve uma época em que eu tinha orgulho da classe política. Meu pai foi vereador por dois mandatos, no tempo em que vereadores trabalhavam sem remuneração, apenas por amor a um ideal. Veio-me ainda a lembrança que ele nunca levou vantagem nenhuma por dedicar-se a política – nem mesmo uma simples bolsa de estudos, que eram distribuídas na época por todas as instâncias do Poder, ele aceitou para nós, seus filhos.
O tempo passa e as coisas mudam. As dores se aquietam e a vida continua. No entanto para mim é óbvia a gratidão por ser filha de quem sou, por trazer em mim os genes de duas pessoas especiais e de ter sido criada por elas. Isso é a base do que me tornei e eu gosto do que sou, mas não seria se não tivesse raízes tão fundas e sólidas. E assim que me lembro do dia de hoje, como um ritual, a tristeza se esvai e eu sigo o caminho cujo norte foi por outros preparado, mas do qual me assenhorei com toda minha dedicação. E como o poeta Álvaro Moreyra cantou um dia em seus versos – vida, se eu fosse exagerado, olhando para o meu passado, era capaz de pedir bis.
Enquanto eu, olhando para a minha trajetória, só posso cantar a glória de ser filha de quem sou. É uma marca que meu espírito levará para outras plagas tão logo termine a sua temporada por aqui.
Todos os anos é a mesma coisa: vai me batendo uma tristeza e eu esqueço a razão de me fazer triste assim. Então o dia chega, o dia da tristeza infinita, o dia que marca a morte de meu pai. Cinco de novembro. Hoje, acordei sem lembrar, mas foi por pouco tempo. Tão logo abri um dos jornais da cidade, o Lavras News, que preza em manter viva a nossa história, lá estava a manchete: Novembro de lembranças de Geraldo Melo, Castejon Branco e Sylvio de Castro. Peço licença ao meu amigo Eduardo Cicarelli para transcrever aqui parte de seu artigo, a parte que diz respeito ao meu pai. “ O mês de novembro é lembrado pela classe política de Lavras como um mês triste, pois foi em novembro que três políticos conhecidos e respeitados faleceram: um ex-prefeito, um ex-vereador e um deputado federal. Três homens públicos que serão sempre lembrados pela comunidade lavrense. O primeiro foi o vereador Geraldo Melo, no dia 5 de novembro de 1985. Portanto amanhã, sábado, faz 26 anos de sua morte. Geraldo Melo foi, além de político, industrial, empresário, ruralista e proprietário da tradicional Padaria Rocha. Ele foi figura marcante do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) numa época em que ser oposição ao governo federal era considerado uma afronta.”
Lendo esse trecho lembrei-me com tristeza de que houve uma época em que eu tinha orgulho da classe política. Meu pai foi vereador por dois mandatos, no tempo em que vereadores trabalhavam sem remuneração, apenas por amor a um ideal. Veio-me ainda a lembrança que ele nunca levou vantagem nenhuma por dedicar-se a política – nem mesmo uma simples bolsa de estudos, que eram distribuídas na época por todas as instâncias do Poder, ele aceitou para nós, seus filhos.
O tempo passa e as coisas mudam. As dores se aquietam e a vida continua. No entanto para mim é óbvia a gratidão por ser filha de quem sou, por trazer em mim os genes de duas pessoas especiais e de ter sido criada por elas. Isso é a base do que me tornei e eu gosto do que sou, mas não seria se não tivesse raízes tão fundas e sólidas. E assim que me lembro do dia de hoje, como um ritual, a tristeza se esvai e eu sigo o caminho cujo norte foi por outros preparado, mas do qual me assenhorei com toda minha dedicação. E como o poeta Álvaro Moreyra cantou um dia em seus versos – vida, se eu fosse exagerado, olhando para o meu passado, era capaz de pedir bis.
Enquanto eu, olhando para a minha trajetória, só posso cantar a glória de ser filha de quem sou. É uma marca que meu espírito levará para outras plagas tão logo termine a sua temporada por aqui.