Ser o que não são
Dr. Clemente saiu para caminhar, refletir.
Parou em frente a um estabelecimento.
Ouviu uma senhora se queixando, sobre o acontecido em outra loja.
O balconista ouvia atentamente.
Disse ter sido inferiorizada, humilhada, ultrajada, vilipendiada em outra loja.
Foi em uma loja de calçados. Pediu a uma vendedora para experimentar um determinado modelo.
A moça examinou-a de cima a baixo e ofereceu um artigo mais barato.
Foi o bastante para que se sentisse afrontada a ponto de, injuriada ir até sua casa, pegar o cartão de crédito, já quase sem crédito, voltar, comprar dois pares de um modelo, cujos preços eram quase o dobro do tipo que ela inicialmente pedira para experimentar.
Tudo isto para mostrar que ela era mais do que aparentava ser e capaz de comprar modelos caros.
Sua lamúria agora era: Necessitava daquele dinheiro gasto inutilmente, para coisas mais importantes e estava sem crédito.
Precisava comprar produtos de extrema necessidade.
Estava pedindo fiado.
O balconista negou com educação, atilamento, refinamento.
Dr. Clemente voltou a sua caminhada, tentando entender os motivos que levam pessoas a quererem mostrar ser o que não são a ponto de pagarem altos preços por isso. Um orgulho sem sentido, uma empáfia desmedida, desproposital.