Ser o que não são

Dr. Clemente saiu para caminhar, refletir.

Parou em frente a um estabelecimento.

Ouviu uma senhora se queixando, sobre o acontecido em outra loja.

O balconista ouvia atentamente.

Disse ter sido inferiorizada, humilhada, ultrajada, vilipendiada em outra loja.

Foi em uma loja de calçados. Pediu a uma vendedora para experimentar um determinado modelo.

A moça examinou-a de cima a baixo e ofereceu um artigo mais barato.

Foi o bastante para que se sentisse afrontada a ponto de, injuriada ir até sua casa, pegar o cartão de crédito, já quase sem crédito, voltar, comprar dois pares de um modelo, cujos preços eram quase o dobro do tipo que ela inicialmente pedira para experimentar.

Tudo isto para mostrar que ela era mais do que aparentava ser e capaz de comprar modelos caros.

Sua lamúria agora era: Necessitava daquele dinheiro gasto inutilmente, para coisas mais importantes e estava sem crédito.

Precisava comprar produtos de extrema necessidade.

Estava pedindo fiado.

O balconista negou com educação, atilamento, refinamento.

Dr. Clemente voltou a sua caminhada, tentando entender os motivos que levam pessoas a quererem mostrar ser o que não são a ponto de pagarem altos preços por isso. Um orgulho sem sentido, uma empáfia desmedida, desproposital.

Antonio Fernando Ribeiro
Enviado por Antonio Fernando Ribeiro em 04/11/2011
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