A NOITE É MÁ CONSELHEIRA.




Gosto da quietude da noite. Por aqui, ela só traz ruídos de corujas, grilos, e do vento. Porém, o nascer da luz de mais um dia, me enche de ânimo, revigora minhas forças, faz esmaecer receios, diluir dúvidas, e redobrar esperanças.
Meu signo diz que uma das características dos sagitarianos, é ser otimista demais, e nisso me encaixo. Reza também, que os nascidos nesse período adoram viajar, e ai, me encaixo totalmente.
Agora, no mais, nada entendo de horóscopo. Em minha lembrança dentre tantas coisas, ficou a de minha avó, olhando muitas vezes, o jornal de dias passados, para ver o que o horóscopo destinava pra ela.
Eu me lembro de dizer: mas, vó, essa é uma previsão diária, e o jornal já tem três dias, não vale mais.
Ela, sem se abalar dizia: quero ver se a previsão acertou.

Ontem, fui dormir apreensiva, por notícia de um familiar muito querido, que no início da tarde sofreu um AVC, e precisou de delicada intervenção cirúrgica.
Mesmo, tendo notícias, de que estava nas mãos de excelente cirurgião, no melhor hospital que temos aqui em São Paulo, meu coração só encontrou refugiu na oração.
A noite chegou e ele continuava sendo operado, o telefone me colocava a par, de como estava transcorrendo a cirurgia.
Somente por perto da meia noite, foi que finalmente soube que ele, já estava se recuperando na UTI, e que o competente cirurgião, informou sobre seu estado.
Felizmente a hemorragia foi contida em tempo, e parece que não haverá sequelas serias.
Mas, mesmo com notícias promissoras, a noite se fez sombria, a quietude quebrada somente pelos ruídos dos ventos, chegava até meu coração como algo triste.

Refleti, que nosso estado de ânimo interior da o tom a paisagem externa.
Quando estou leve, sem grandes preocupações, os ruídos da madrugada, me trazem paz a alma, gosto de apreciá-los, e me sentir aconchegada dentro do meu ninho.
Já, como ontem, em que, minha alma estava inquieta e tristonha, o escuro da noite, traz desconforto, acelera as incertezas, e fomenta os receios.

Porém, hoje, despertei como de costume, com o coro dos pássaros, que abrigados na imensa sibipiruna que tenho no jardim, cantavam a todo pulmão. Felizes, despreocupados, sempre me oferecem lição de confiança na proteção Divina.
Abri os olhos e pela fresta da veneziana alguns raios de sol, beijavam meu leito, num convite a esperança e ao recomeço de mais um dia.

Hoje me cabe bem um ditado que minha mãe sempre repetia: "A noite é má conselheira".



(Foto tirada no Grad Canyon) 

Lenapena
Enviado por Lenapena em 03/11/2011
Reeditado em 07/11/2011
Código do texto: T3314677