EDUCAÇÃO SENTIMENTAL
Qualquer que seja o século as relações naturais não mudam. A conveniência ou inconveniência que delas resulta permanece a mesma. Os preconceitos, sob o vão nome da razão, só mudam a aparência. Será sempre belo e grande reinar sobre si mesmo, ainda que para obedecer a opiniões fantasiosas; e os verdadeiros motivos de honra falarão sempre ao coração de todos que souberem buscar em sua condição a felicidade. Difícil é conciliar pensamento e vontade, impulso instintivo com pleno, satisfatório e natural sentimento que cheguem à felicidade simples. Até parece que felicidade e simplicidade ocupam lados opostos. Quando uma ocupa o interior de alguém, a outra o contraria do lado de fora. Essa dualidade geradora de conflitos é da natureza humana. E por pensar assim, refiro-me à felicidade simples, que se opõe à simples felicidade. Mas ambas são tão possíveis de coexistirem em muitos quanto inconciliáveis no que buscam outros. Essas são formas de educar-se, de que só o ser humano dispõe por sua racionalidade, inteligência e vontade. O homem educa a si mesmo para a outro dar instrução. Nisto consiste uma das diferenças aos outros animais, que só adestrados deixam-se domar, mas nada ensinam. O homem indomável é uma besta instintiva a quem outros bichos obedecem.
Raro, se não impossível, é o homem educar-se por inteiro. Priorizando sempre algum ou alguns aspectos da sua formação, muitos ficam a desejar, por descuido, desinformação ou falta de discernimento. Há os que priorizam o intelecto e esquecem o corpo; outros se aprimoram fisicamente, ignorando o intelecto; outros, na busca do espiritual, desprezam o corpo e menosprezam a inteligência sem a luz da razão. Entregam-se à mística ignorante, pior dos males, que nada tem a ver com o crescimento espiritual proveniente da verdadeira fé. Disso tudo resulta o homem imperfeito, por mais que se eduque. Será sempre incompleta a sua formação. O homem é uma obra inacabada em si mesmo. Indomável muitas vezes, absolutamente submisso aos próprios limites quase sempre. Capaz de educar-se e educar a muitos em tudo, menos os sentimentos. Estes são tão fora dos limites da razão quanto indomáveis e por isso cedem aos instintos tornando o ser humano menor. Porque não há um processo de evolução equitativa. O homem não se educa por inteiro, mas em partes. O seu Criador o fez à semelhança do Filho e espera de cada qual sua obra completar-se. A educação sentimental de que trato aqui não se confunde com o modismo da autoajuda que tanto detesto. Exatamente por isso penso também que, se pudesse antever o futuro, Flaubert teria repensado o título da sua mais personalíssima obra. Penso igualmente num personagem quase meu xará, criado por Rousseau na sua célebre “Emílio ou Da Educação". Educação sentimental, a meu ver,(e que na obra de Flaubert tem outro enfoque), seria o método infalível, promotor da formação humana em todas as dimensões, propiciando ao ser humano um crescimento equitativo, do qual resultaria o homem igual àquele por Deus enviado e que foi o modelo acabado de um Homem Perfeito. E isto é perfeitamente possível se todos nós, sentimentalmente, desejarmos.
Qualquer que seja o século as relações naturais não mudam. A conveniência ou inconveniência que delas resulta permanece a mesma. Os preconceitos, sob o vão nome da razão, só mudam a aparência. Será sempre belo e grande reinar sobre si mesmo, ainda que para obedecer a opiniões fantasiosas; e os verdadeiros motivos de honra falarão sempre ao coração de todos que souberem buscar em sua condição a felicidade. Difícil é conciliar pensamento e vontade, impulso instintivo com pleno, satisfatório e natural sentimento que cheguem à felicidade simples. Até parece que felicidade e simplicidade ocupam lados opostos. Quando uma ocupa o interior de alguém, a outra o contraria do lado de fora. Essa dualidade geradora de conflitos é da natureza humana. E por pensar assim, refiro-me à felicidade simples, que se opõe à simples felicidade. Mas ambas são tão possíveis de coexistirem em muitos quanto inconciliáveis no que buscam outros. Essas são formas de educar-se, de que só o ser humano dispõe por sua racionalidade, inteligência e vontade. O homem educa a si mesmo para a outro dar instrução. Nisto consiste uma das diferenças aos outros animais, que só adestrados deixam-se domar, mas nada ensinam. O homem indomável é uma besta instintiva a quem outros bichos obedecem.
Raro, se não impossível, é o homem educar-se por inteiro. Priorizando sempre algum ou alguns aspectos da sua formação, muitos ficam a desejar, por descuido, desinformação ou falta de discernimento. Há os que priorizam o intelecto e esquecem o corpo; outros se aprimoram fisicamente, ignorando o intelecto; outros, na busca do espiritual, desprezam o corpo e menosprezam a inteligência sem a luz da razão. Entregam-se à mística ignorante, pior dos males, que nada tem a ver com o crescimento espiritual proveniente da verdadeira fé. Disso tudo resulta o homem imperfeito, por mais que se eduque. Será sempre incompleta a sua formação. O homem é uma obra inacabada em si mesmo. Indomável muitas vezes, absolutamente submisso aos próprios limites quase sempre. Capaz de educar-se e educar a muitos em tudo, menos os sentimentos. Estes são tão fora dos limites da razão quanto indomáveis e por isso cedem aos instintos tornando o ser humano menor. Porque não há um processo de evolução equitativa. O homem não se educa por inteiro, mas em partes. O seu Criador o fez à semelhança do Filho e espera de cada qual sua obra completar-se. A educação sentimental de que trato aqui não se confunde com o modismo da autoajuda que tanto detesto. Exatamente por isso penso também que, se pudesse antever o futuro, Flaubert teria repensado o título da sua mais personalíssima obra. Penso igualmente num personagem quase meu xará, criado por Rousseau na sua célebre “Emílio ou Da Educação". Educação sentimental, a meu ver,(e que na obra de Flaubert tem outro enfoque), seria o método infalível, promotor da formação humana em todas as dimensões, propiciando ao ser humano um crescimento equitativo, do qual resultaria o homem igual àquele por Deus enviado e que foi o modelo acabado de um Homem Perfeito. E isto é perfeitamente possível se todos nós, sentimentalmente, desejarmos.