FINADOS

Hoje, como todos os anos fui ao cemitério, é aquele tradicional ritual do dia dos mortos. Na verdade eu não iria se não fosse pela insistência do meu pai. Todos os anos ele faz questão que todos estejam juntos para levar flores a minha mãe, que alguns anos não está mais presente. Mulher surpreendente e guerreira.

Acho que é sofrimento demais ter que ir lá, eu sempre choro, mas hoje foi diferente. Fiquei olhando as pessoas, a maioria sorrindo, levando suas vidas apesar das perdas, nunca tinha reparado, pois sempre que estou lá, só olho para seu nome e fico relembrando tudo.

Esse cemitério é daqueles onde só tem grama, e uma placa no chão, com nome, data de nascimento e falecimento e abaixo escrito “saudades”. E todos são iguais, independente de raça, classe social, religião, enfim, estão todos no mesmo terreno, na mesma grama verdinha, e nada além dessa placa. Não existem gavetas com áreas, revestimentos melhores ou piores, casinhas ou coisa parecida. Até gosto daquele lugar por isso. Ali se faz tudo ser indiferente.

Só sei que hoje consegui ver coisas que nunca via, e me sinto muito melhor esse ano, não senti obrigação, e isso me deu uma paz. Sempre respeitei o que cada pessoa pensa, mas vi o quanto foi importante esse respeito, porque podemos mudar nosso pensamento.

Agradeço meu pai, por jamais desistir de seus filhos, e de mantermos todos unidos, com a falta da matriarca da família.

Imortal Sedutora
Enviado por Imortal Sedutora em 03/11/2011
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