NO SALÃO DE BELEZA

Quase centenária chega, a velha dama, ao salão de beleza, arrastando os pés. Apoia-se numa bengala de madeira de lei, com o cabo de marfim. E com voz arrastada diz:

- Eu quero pintar minhas unhas. Não precisa lixar muito porque elas racham.

- Qual a cor que a senhora gostaria? Pergunta a manicure.

E ela respondeu:

- Não sei. Talvez um vermelhinho. Fala a dama.

- Buscarei no andar de cima. Diz a manicure.

- Ah! Querida. Não gostei de nenhum. Diz ela à manicure.

Para quem não sabia a cor que queria ela parecia saber muito bem o que não queria.

- Quem sabe então um tom de rosa antigo? O que acha a senhora? Disse a manicure.

- Eu ouvi falar num tom novo de vermelho. Diz a dama que não sabia nem a cor que queria, mas que já tinha levemente insinuado que que queria um “vermelhinho”.

Neste momento eu percebi que ela sabia muito bem o que queria. Só não tinha imposto sua vontade desde o início, porque pensou que poderia aparecer algo que a surpreende-se.

- E se eu quisesse pintar meus cabelos? Falou ela, depois do assunto esmalte resolvido.

- Então a senhora tem que marcar com a cabelereira.

- E quanto custa? Perguntou a velha senhora.

- Não sei, senhora. Verifique com a recepcionista.

E assim, a velha dama, querendo manter-se elegante, tinha esperanças de viver, quiçá mais cem anos...

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02.11.11

MÁRIO FEIJÓ
Enviado por MÁRIO FEIJÓ em 02/11/2011
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