Crônica de uma vida esgotada
A vida é realmente engraçada, num dia você titubeia a respeito da perfeição do seu achado, depois, no dia seguinte, você não vê perfeição, nem mesmo vê o achado. Ele existe, está ali no mesmo lugar, mas não era quem você via, e o que você sente por ele não mais existe, se quebrou. A preciosidade virou pó, do pó veio, ao pó retornou.
Somos a constante mudança, essa mudança nos traz perdas e sofrimento, mas esse sofrimento é gradativamente controlado por um registro que permite o pingar gota a gota, para que seja possível sentir o espirrar dessa gota que ao cair entra em contato com o restante do componente, onde respingos se espalham aos redores da parede do frasco, essência pura, sofrimento puro.
A perda de líquido é inevitável, quando o trocar de frasco é manipulado por mãos trêmulas, desastrosas. O coletor inexperiente bate na borda do frasco de vidro e este se rompe sem nenhuma resistência. O conteúdo se esvai, sem possibilidades de retorno, e o que resta não é quantidade suficiente para se fabricar nada. O processo então repete-se, na busca constante pelo extrato, EXTRATO HUMANO.