Exatamente o Que Eu Queria
Eu não me conformo, pelo fato de muita gente não aceitar a carreira que escolhi para seguir na minha vida. Há exato um ano prestei dois vestibulares ambos concorrendo à vaga para o curso de História, e por sorte, acabei indo parar no curso de licenciatura de tal disciplina na Universidade Estadual da Paraíba. De lá pra cá, tive que habituar-me e ainda por cima encontrar respostas variadas para observações um tanto hipócritas que me fazem.
Coisas do tipo: “ah, História! Vai ser professora? Tem nada não, depois você estuda e tenta outro curso, né?”. Não, não!Por que não entendem que eu estou exatamente onde eu queria estar? Eu quero sim ser professora! O curso de História é muito bom, é lindo, é prazeroso. A profissão de professor é tão digna e importante quanto qualquer engenharia que haja por ai...
Para mim vale a pena, acordar todo dia às quatro e meia; viajar em média uns cem quilômetros; ficar dias e dias longe de casa; da família; apelar por carona tanto para chegar à universidade quanto para voltar pra casa (quem é de Cubati sabe muito bem o que é isso!); pegar ônibus lotado, trânsito caótico; horas e horas de fome... Eu não faria isso se eu não gostasse da profissão da qual almejo exercitar.
Sim, claro que eu também penso nas dificuldades que meu escolhido ofício sofre, sobretudo num país onde o salário para um professor em início de carreira é o terceiro pior do mundo, segundo análise realizada pela UNESCO em 38 países que tal como o nosso encontram-se em processo de desenvolvimento. Isso me desanima em parte, mas não o suficiente para me fazer desistir.
Penso nos preconceitos infligidos a figura do professor, que, muitas vezes são oriundos das classes sociais mais baixas, que mesmo com todo esforço para adquirir uma formação acadêmica não recebe o merecido valor. Penso também nas negligências, conheço professores que ficam meses e meses com seus pequenos salários atrasados, e que ainda por cima, são submetidos a trabalhar cinco dias por semana em condições muitas vezes precárias (falo de grande parte das escolas públicas de nosso Brasil) e mesmo assim não deixaram de ver na educação o agente fundamental à modificação desse quadro.
Mas quer saber? Eu acredito na mudança. Os obstáculos relacionados à profissão que constatamos a todo tempo funcionam como impulso para que eu seja mais um a ingressar na luta por melhores condições. Com o risco de parecer utópica e até ridícula, eu afirmo que o amor que se tem por lecionar é a força que ainda pode fazer com que não caíamos no senso comum de dizer que não tem futuro investir na carreira de professor.
Digam o que disserem, eu quero isso mesmo!