Ainda sobre o dia de Finados...
Hoje eu recebi uma enxovalhada de perguntas e indignações pelo fato de não ter ido e de ter declarado que não vou ao cemitério. Aliás, só vou em cemitérios em último caso. Já me basta morar perto de um e ter de passar ao lado sempre que preciso ir até a casa dos meus pais. Ainda mais esses cemitérios antigos, onde podemos ver desde túmulos suntuosos, até indigentes enterrados em cova rasa.
O ser humano morre e a desigualdade social continua. Você chega, olha e classifica: aquele era rico, esse outro mais ou menos, aquele ali era pobre de pedra, aquele outro nem nome tinha! Isso me dá um mal estar extremo, e o máximo que eu puder evitar, evitarei! Até porque eu não tenho nenhum ente querido que habite um cemitério! Meus avós que já se foram, eu fiz a minha parte, amei e respeitei enquanto estavam aqui do meu lado. Visitei, curti o quanto pude, não tenho arrependimentos com ninguém que se foi. E sinceramente, eles não estão no cemitério!
Acredito no poder de uma oração, fecho os olhos e converso com meu avô e sinto que ele me ouve, sinto que ele, de onde está, sabe do imenso amor que tenho. Hoje, até pela extrema falação sobre a data, eu confesso que amanheci mais saudosa em relação aos que se foram, mas acredito piamente que ir ao cemitério, relembrar os momentos de tristeza da perda, do velório e enterro, definitivamente não vai me fazer melhorar e sentir menos saudade. Então eu fico aqui mesmo, não acendo velas, faço minha oração sincera e o caso está encerrado. E desculpem-me os que discordam, mas definitivamente, eu não conheço ninguém que mora no cemitério!