"chuvarada na serra"


Chuvarada na Serra

Amigo leitor, desde há muito, que sou leitor do grande pensador Teilhard de Chardin autor do famoso livro “O fenômeno humano”, onde narra a jornada evolutiva deste indecifrável mistério que é o homem.
Você já deve estar questionando o que tem a ver chuvarada na serra com a filosofia cósmica Da biosfera, noosfera, logos fera. Pois bem, antecipo-me a explicar, mas na realidade quando penso em Chardin, Rodhen e outros, uma grande fuga de idéias me remetem a enigmática duvida sobre nossa razão aqui nesta enorme pedra flutuante no cosmo, mas voltemos ao grande pensador e a chuva na serra de Friburgo. Chardin afirmava que o Homem é o alfa Omega do universo, a coroa da creação (sim com “e”), contudo o que vivi neste final de semana no campo do coelho, lugarejo maravilhoso de Friburgo, me fez pensar no parto da montanha que após tormentosas vibrações terrestres, deu a luz a um camundongo. E, este camundongo seria este que lhe escreve. Recorri rapidamente, a outro pensador Lord Jeans que afirmava “o homem é resultado de falhas nos mecanismos antissépticos do universo” e dessa forma agradeço a Lord Jeans pela frase consoladora.
Amigo, sinto que seus dedos nervosos ameaçam virar a página procurando outro texto mais leve do que abordo; e, por isso apresso-me a narrar o sucedido.
Tempo lindo ensolarado, sábado de primavera, convida-me a subir a serra e passar uns dias em nosso chalezinho “Ana Eliza”. Pensei com meus botões: "Levarei meu computador e entre flores e pássaros comporei meia dúzia de poemas bucólicos, ensolarados, perfumados..."
Ignoto amigo, quando cheguei ao centro de Friburgo, nuvens negras ameaçadoras se formavam, as pessoas se apressavam em voltar para casa, pois a lembrança da tragédia ainda está viva na lembrança do friburguense. O frio congelava até pingüim e a ventania aumentava a sensação térmica!
Quando cheguei ao sitio, senti-me sitiado; e em estado de sitio! Aquela paz de outras épocas deu lugar a um medo, insegurança. Entendi então o que Lord Jeans se referia... Para piorar a situação, uma barulheira no teto, causada, provavelmente, por castor ou gambá, deu o colorido final. Imaginem trovoadas, ventos poderosos frio intenso... Meu amigo o anjo Osvaldo, tranquilamente se acomodou no sótão e logo adormeceu, ignorando o que sentia o camundongo escritor. Mesmo assim, ouvia o canto triste do sabiá laranjeira, os grilos e o canto soturno da coruja.
Na manha seguinte, ainda tremulo peguei meu computador e tentei escrever aquele poema que imaginara. Nada, simplesmente nada se me apareceu! Para não dizer que nada trouxe recolhi uns escritos que o anjo Osvaldo deixara de lado para uma “emergência”, no que publicarei para vocês verem o que o pobre anjo escreve, coitado!
Meu amigo leitor, súbito percebi o canto diverso dos pássaros, as flores em profusão exuberante, o “bicho graveto”, a janelinha do céu que se abria e entendi que o maravilhoso poema jÁ estava escrito!
A emoção foi grande quando o sol surgiu embalado pela sinfonia cantante dos animais do campo do coelho!
E, para terminar divulgo alguns versinhos em tercetos que meu amigo, o anjo Osvaldo, deixou numa folha amassada de papel...



Chuva na serra


É primavera

Lagrimas do inverno

Chove na serra...



A Hortência
Lindo jardim numa flor
Sol azul no chão...


O genipapo

Enche o papo do sapo

Vibram mosquitos!...



A cobra mordeu
doce pé de moleque
Peçonha de mel...


O velho sorriu
Com a boca de lua
Sem as estrelas...


Canário preso
Na gaiola de ouro
Parece feliz...






















Corte de Gorobixaba
Enviado por Corte de Gorobixaba em 01/11/2011
Reeditado em 03/11/2011
Código do texto: T3311538
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