PRIMO DARCIO
Ontem, no momento em que me aprontava pra ir dormir, já tarde da noite, o fone tocou. Pensei: deve ser minha filha, pois, é hábito ela ligar para dar boa noite.
Mas, quando do outro lado identifiquei a voz de meu primo Márcio, que não tem por costume me ligar, e muito menos, em hora tão tardia, percebi que algo ruim havia acontecido.
Ele perguntou amenidades, como foi minha viagem? Se estamos todos bem? eu, porém sabia que ele iria dar-me uma notícia triste.
E estava certa. Comunicou-me que nosso primo Darcio havia partido.
Uma tristeza enorme tomou conta do meu coração.
O primo Darcio, fez parte de minha infância. Juntos lá na vila distante, compartilhamos travessuras, subimos em goiabeiras, amexeiras, pitangueiras.
Fui cumplice das imitações de cigarro que ele e o irmão faziam escondidos, no fundo do enorme quintal de seu casa, com palha de milho seca. Com a promessa de nada contar para tia Mena (mãe deles) eu, ganhava a permissão para assistir a grande infração que, eles cometiam.
Tantas recordações despertaram dentro de mim, quando soube de seu passamento.
Imaginei-o menino correndo livre pelas ruas de terra batida daquele lugarejo encantado. Pulando alegre nas águas do único rio que havia na vila. Com uma câmara de pneu velho, lhe servindo de boia, de nada mais precisava aquele menino pra se divertir.
Me vi pegando carona em sua bicicleta. Eu ia feliz, sentada na garupa, me sentindo importante, já que meu primo cinco anos mais velho que eu, me levava pra passear.
Algum tempo atrás, meu primo leu alguns textos meus, e me ligou emocionado, dizendo que eu, não havia esquecido nenhum detalhe de nossa infância.
Rimos juntos ao telefone, ao lembrar daquele tempo magico que foi nossa meninice.
Em dado momento de nossa conversa, sua voz ficou mais seria e ele me disse: "Leninha, tive câncer há pouco tempo atrás, mas me curei".
Porém, um pouco antes de minha viagem, soube que o câncer havia voltado.
Por e-mail, ele contou-me de sua hospitalização, e dos cuidados carinhosos que sua querida esposa e filhos, lhe dedicavam o tempo todo.
Respondi a ele que, fosse forte e tivesse fé, pois sairia dessa.
E ontem, depois de muita luta ele se foi.
De alguma maneira venceu a batalha, só que não da forma como nós gostaríamos.
Mas, sim, como as coisas tinham que ser.
Hoje, seu corpo foi cremado em Curitiba cidade que escolheu para morar com sua querida família.
E seu último pedido foi que, jogassem suas cinzas no nosso querido "Monjolinho", nossa vila amada, que já de fato nem existe mais, da maneira como era, mas a beleza da natureza ainda mora por lá.
Me emocionei muito ao saber de sua última vontade. Isso só veio confirmar, o quanto foi mágico pra nós o tempo de criança, que lá passamos.
Custei pra adormecer ontem, depois que desliguei o fone. Desci para sala, fiz uma prece de todo coração para que ele, já estivesse acolhido nos braços generosos de sua doce Mãe.
Pedi ainda que, adormecido em sonho, ele, pudesse rever a vila que lhe foi tão cara.
Que enxergasse as cenas como num filme: ele, ainda menino, usando shorts, e sem camisa, correndo livre ao encontro das águas do rio, ou subindo no alto das árvores.
Ou ainda, quem sabe, pedalando sua bicicleta com o vento a lhe esvoaçar os cabelos negros.
Hoje, levantei bem cedo, e como faço toda terça feira, fui para o meu trabalho, junto as crianças com câncer.
Pensando Nele, acaricie cada uma delas, e pedi a DEUS, que as ajude a vencer tão dura e grande batalha.
(Foto tirada, no Grand Canyon)
Ontem, no momento em que me aprontava pra ir dormir, já tarde da noite, o fone tocou. Pensei: deve ser minha filha, pois, é hábito ela ligar para dar boa noite.
Mas, quando do outro lado identifiquei a voz de meu primo Márcio, que não tem por costume me ligar, e muito menos, em hora tão tardia, percebi que algo ruim havia acontecido.
Ele perguntou amenidades, como foi minha viagem? Se estamos todos bem? eu, porém sabia que ele iria dar-me uma notícia triste.
E estava certa. Comunicou-me que nosso primo Darcio havia partido.
Uma tristeza enorme tomou conta do meu coração.
O primo Darcio, fez parte de minha infância. Juntos lá na vila distante, compartilhamos travessuras, subimos em goiabeiras, amexeiras, pitangueiras.
Fui cumplice das imitações de cigarro que ele e o irmão faziam escondidos, no fundo do enorme quintal de seu casa, com palha de milho seca. Com a promessa de nada contar para tia Mena (mãe deles) eu, ganhava a permissão para assistir a grande infração que, eles cometiam.
Tantas recordações despertaram dentro de mim, quando soube de seu passamento.
Imaginei-o menino correndo livre pelas ruas de terra batida daquele lugarejo encantado. Pulando alegre nas águas do único rio que havia na vila. Com uma câmara de pneu velho, lhe servindo de boia, de nada mais precisava aquele menino pra se divertir.
Me vi pegando carona em sua bicicleta. Eu ia feliz, sentada na garupa, me sentindo importante, já que meu primo cinco anos mais velho que eu, me levava pra passear.
Algum tempo atrás, meu primo leu alguns textos meus, e me ligou emocionado, dizendo que eu, não havia esquecido nenhum detalhe de nossa infância.
Rimos juntos ao telefone, ao lembrar daquele tempo magico que foi nossa meninice.
Em dado momento de nossa conversa, sua voz ficou mais seria e ele me disse: "Leninha, tive câncer há pouco tempo atrás, mas me curei".
Porém, um pouco antes de minha viagem, soube que o câncer havia voltado.
Por e-mail, ele contou-me de sua hospitalização, e dos cuidados carinhosos que sua querida esposa e filhos, lhe dedicavam o tempo todo.
Respondi a ele que, fosse forte e tivesse fé, pois sairia dessa.
E ontem, depois de muita luta ele se foi.
De alguma maneira venceu a batalha, só que não da forma como nós gostaríamos.
Mas, sim, como as coisas tinham que ser.
Hoje, seu corpo foi cremado em Curitiba cidade que escolheu para morar com sua querida família.
E seu último pedido foi que, jogassem suas cinzas no nosso querido "Monjolinho", nossa vila amada, que já de fato nem existe mais, da maneira como era, mas a beleza da natureza ainda mora por lá.
Me emocionei muito ao saber de sua última vontade. Isso só veio confirmar, o quanto foi mágico pra nós o tempo de criança, que lá passamos.
Custei pra adormecer ontem, depois que desliguei o fone. Desci para sala, fiz uma prece de todo coração para que ele, já estivesse acolhido nos braços generosos de sua doce Mãe.
Pedi ainda que, adormecido em sonho, ele, pudesse rever a vila que lhe foi tão cara.
Que enxergasse as cenas como num filme: ele, ainda menino, usando shorts, e sem camisa, correndo livre ao encontro das águas do rio, ou subindo no alto das árvores.
Ou ainda, quem sabe, pedalando sua bicicleta com o vento a lhe esvoaçar os cabelos negros.
Hoje, levantei bem cedo, e como faço toda terça feira, fui para o meu trabalho, junto as crianças com câncer.
Pensando Nele, acaricie cada uma delas, e pedi a DEUS, que as ajude a vencer tão dura e grande batalha.
(Foto tirada, no Grand Canyon)