30 DIAS EM BUENOS AIRES - 3

A questão a respeito de deixar nosso apartamento organizado antes de irmos foi outro assunto a ser considerada minuciosamente, porque tão imprtante quanto as demais resoluções enfocadas. Isso, como é óbvio, deu uma trabalheira quase interminável. Varrer, espanar, passar lustra-móveis nas mesas, cadeiras e demais móveis, arrumar o guarda-roupas, lembrar de desligar tomadas,registros de água e gás, fechar todas as janelas, ufa!, deu uma trabalheira sem dúvida cansativa. Mas tudo isso se tornava necessário e imprescindível

Tomando conhecimento, via internet, que logo à nossa chegada em Buenos Aires, se Deus quiser, acontecerá a 1ª Semana Gastronômica de Buenos Aires, de 10 a 16 de outubro de 2011, nós exultamos com a notícia. Eventos desse tipo são sempre muito concorridos, as pessoas participam em massa e se alegram, principalmente as mais jovens que buscam sempre novidades no dia a dia. Haverá degustação gratuita de pratos assinados por diversos chefs da Argentina e do exterior, muitos restaurantes, pizzarias, cafeterias e bares estarão com promoções e descontos no decorrer do período e, certamente, a capital se engalanará devidamente para sediar o acontecimento de grande importância para a gastronomia portenha.

Pensamos ser melhor ir via Rio de Janeiro porque a Sala Vip de São Paulo foi desativada, mas ficamos decepcionados com o qque seria uma grande regalia e terminou nos revelando não ser algo tão diferente do comum, a não ser que vem a ser um lugar reservado, como é óbvio, e onde se degustam petiscos oferecidos pela empresa. Como chegamos ao Rio quando ao alvorecer, desfrutamos do café da manhã nessa sala vip. Só que foi preciso pedir a uma antipática - cujo olhar direcionado aos presentes na sala quase chegava a dizer impropérios e maldições - copeira que fizesse reposição de frutas e esquentasse o leite, que estava praticamente gelado e deixava o café mais frio do que se tivesse saído da geladeira.

Depois de passar pela imigração, apresentados os passaportes e demais burocracia usual, e já a bordo do imenso avião, pela primeira vez em nossas viagens adentramos num universo novo e desconhecido: a área destinada à classe executiva. Monitor de TV individual, poltronas reclináveis, imensas, confortáveis, praticamente duas camas tanto pelo tamanho quanto pela comodidade depois de totalmente reclinadas, sem contar os travesseiros e lençóis, entre outras regalias eis o que nos esperava no local. Um diferencial incrível da classe econômica. Logo, poucos minutos após nossa chegada, os passageiros todos já embarcados, dois comissários passaram por nós e nos ofereceram revistas semanais novíssimas, cheirando a gráfica, ainda não vendidas nas bancas, que só irão a público daqui a três dias. Fiquei maravilhado. Aceitei a revista Isto É, Ana ficou com a Caras. A decolagem demorou por razões de tráfego, havia muitos aviões à nossa frente, esperávamos a nossa vez. Taxiamos lentamente atrás das outras aeronaves enquanto subiam e aterrissavam vários aviões, até nos aproximarmos de determinado lugar na pista e sentirmos um odor fétido vindo de algum local indeterminado das redondezas. E olhe que a cabine do avião é totalmente pressurizada, mas o mau cheiro putrefato penetrava a fundo incomodando a todos. Procurando a origem do fedor, vimos o inacreditável: os urubus sobrevoando o Galeão, milhares deles enquanto esperávamos pacientemente na pista que nossa decolagem rumo a Buenos Aires fosse autorizada. Tivemos que suportar esse momentos inusitado até finalmente iniciarmos a viagem à capital portenha. O odor pútrido nos acompanhou por alguns minutos, verdadeiro sufoco inacreditável.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 31/10/2011
Código do texto: T3309805
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