"Papai" Noel está pobre

Antevendo a chegada do natal, aí vai... Acho que alguns vão me rechaçar, mas quero dizer que esta é uma visão minha, pessoal, de mim mesmo, autônoma, intrínseca, endógena, 'lamordeDeus. Não quero picuinha com ninguém, só com o Noel. RSRSRSRS.

Bom, vamos lá:

- Papai Noel este ano está pobre.

Foi o que meu pai disse um dia de uns muitos dezembros passados.

Senti o impacto daquela frase. Fiquei imaginando uma loja sem movimento, com as prateleiras vazias, só com um brinquedinho aqui, outro alí, e um velhinho parado atrás de um balcão, vendo pessoas a passarem na rua sem entrar na loja dele, agora um lugar muito monótono.

Era a minha visão de Noel pobre. Não via um velho esfarrapado no Pólo Norte morrendo de frio em um iglu. Fui acostumado a ver as lojas da Zona Franca cheias de eletrônicos importados, brinquedos, com um monte de turistas entrando e saindo. No Natal, então, as luzes e as musiquinhas revitalizavam tudo.

Bom, mas Noel estava pobre, atrás de um balcão, sem mercadorias e sem musiquinha. E agora? quem vai ajudar o "papai Noel"? Será que ele vai sair dessa?

Veja nos próximos capítulos.

Parte 2

Em uma véspera de Natal vi minhas duas irmãs mais novas ganhando, cada uma, um joguinho barato de xícaras de plástico. Nós costumávamos ganhar bons presentes. Naquele ano nem houve ceia. Todo ano havia uma, e também visitas às avós.

Meus pais entraram em casa com as duas pequenas. Lembro do modo frustrado como eles deram os presentinhos para elas. Disseram alguma coisa meio sem jeito. Para mim e para a mais velha, nada.

Nós dois ficamos no pátio, olhando não sei o quê, sem dizer nada, com as caras de tacho.

Começou a chover, ficamos ali um tempinho sentindo os respingos, depois entramos e fomos dormir.

A partir daquela noite, percebi que esse negócio de Natal e "noite feliz" estava mal contado. Não por não ter ganhado presente, mas por ter visto o semblante triste dos meus pais.

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Parte 3

Então comecei a associar situações tristes nesta época: minha avó, mãe e tias choravam e eu nunca entendia. Fiquei atento a coisas sobre o Natal que a igreja não comenta, pesquisei, vi documentários, li a Bíblia, e me convenci mesmo que estava tudo mal contado. Aí vem toda aquela história de mistura de crenças pagãs com o cristianismo, etc, que eu não quero me aprofundar aqui. Não quero doutrinar ninguém, só é meu ponto de vista.

Hoje, o 24 de dezembro é pra mim apenas uma boa e divertida data de confraternização entre familia e amigos, só isso. E sei que Jesus não está triste comigo por causa disso.

Realmente, tenho dificuldades para fazer minha família pensar igual a mim, mas nãopcrio caso com isso. Fico comemorando meio sem jeito, e dando o meu jeito pra ver a festa como um momento em família, dá pra entender?

Felizmente hoje a verdade sobre presentes é outra. Todo ano o pé da árvore na casa da minha mãe fica cheio, abarrotado de presentes, mas confesso: continuo não acreditando no Noel, ele mente muito.

Eduardo Escreve
Enviado por Eduardo Escreve em 31/10/2011
Reeditado em 01/11/2011
Código do texto: T3308876
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