Confissões De Um Quarentão - 1
“ Ouve o mar. Olho o mar. Se ele parece se repetir aos teus sentidos desatentos, presta mais atenção. A forma de suas ondas é sempre diferente. Sua dança inventa sempre uma nova coreografia. Seu rumor cria sempre novas frases, todas diferentes : às vezes mais longas;às vezes mas curtas; às vezes mas altas; ás vezes mais baixas. Descobre que , exatamente por serem diferentes, são todas elas gestos do mesmo mar”. (Luiz Carlos Maciel).
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Um sentimento ímpar de prazer toma conta de mim nesse momento. Estou diante do mar. Não existe nada mais relaxante e confortante. Gosto de admirar o ir e vir das ondas, o verde – azul de suas águas, o barco a vela ao sabor do vento. Nesse momento consigo me sentir e me ouvir melhor. Sento numa mesa de bar à beira – mar, com os pés descalços na areia da praia. Peço uma cerveja bem gelada e um tira – gosto de marisco e fico ali admirando aquela deliciosa paisagem. Mas confesso que até chegar a desfrutar esses pequenos momentos, foi um longo processo, pois como quase todos os meus colegas de profissão, eu também trabalhava mais do que precisava, e com certeza o fazia para fugir de coisas que consciente ou inconscientemente me incomodavam. Porém, com eu estava com trinta e cincos anos, anos um fato mudou a minha vida. Passei mal quando trabalhava num pronto – socorro e fiquei internado durante três dias com suspeita de infarto. Depois de vários exames, descobriram que tudo não passou de um susto. Foi tudo estresse.
A partir daquele dia,selecionei os meus empregos e passei a trabalhar menos, fiz psicoterapia e acima de tudo, coloquei poesia na minha vida.
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