As milícias do Rio de Janeiro

Não dá mais para fingir que é tudo festa. O Rio de Janeiro aguarda meio milhões de turistas para a sua tradicional queima de fogos do Ano Novo. Os aviões não vão apagar no momento em que os fogos se acenderão.

Viaje de ônibus diz o bem senso, mas cuidado se tiver que atravessar o Rio de Janeiro. O Ônibus que vinha do Espírito Santo para São Paulo quase conseguiu. Parado na avenida Brasil por 30 traficantes, trinta é quase um pelotão armado para guerra, foi covardemente incendiado. Seis pessoas acuadas no fundo do ônibus não conseguiram sair e morreram carbonizadas. Outras tantas ficaram seriamente queimadas.

No Centro, a mulher protege o filho de seis anos e morre baleada, junto com um soldado PM. Na cidade toda os ataques coordenados se sucedem.

E nos perguntamos, qual o sentido dessa onda de violência, deflagrada, segundo dizem as autoridades de dentro dos Presídios, pelos chefões do tráfico que estão presos?

O objetivo deles é infundir o medo, lembrar que podem empanar a festa do Ano Novo, assim como podem atrapalhar a festa da vida, ‘a qualquer tempo em que quiserem.

Foram bem sucedidos? No que me diz respeito, sim. Estou bastante assustado.

Um outro objetivo parece ser disputar o poder nas favelas com as milícias armadas, ex-policiais, ex-bombeiros que se reuniram e expulsaram as quadrilhas de algumas favelas da cidade, milícias estas que se instalaram no vácuo de poder do estado que não chega aquelas distantes paragens das favelas.

Tais milícias que começam exercendo uma ação positiva nas comunidades carentes, corre o risco de, no futuro, exacerbar a sua ação e se tornar tão criminosa quanto o traficante, uma espécie de talibans das favelas, exercendo sobre as comunidades uma enorme influência.

Porém diante da enorme perversidade dos ataques ‘a inocentes só podemos aplaudir quando pegam um bandido de jeito. Que peguem muitos.

E que o novo governo a ser empossado no primeiro dia do ano possa resgatar o respeito, a segurança e a cidadania da população, com as armas democráticas do povo.