NOSSOS BARES E BOTECOS

NOSSOS BARES E BOTECOS

No início da década de 50, havia, em Calambau, apenas um bar e vários botecos.

Os botecos situavam-se pouco antes da entrada do distrito, na estrada que ia para Piranga , no início do morro dos Bastos, logo à direita de quem sobe.

Um deles, cujo proprietário era o Sr. Raimundo Caboré, era parada obrigatória de quem vinha a pé, a cavalo ou de carro de boi, de Piranga e da região subindo o rio. Além de uma boa água de mina, tinha, também, amendoim, banana, cachaça e uns queijos vendidos aos pedaços e com um aspecto muito ruim. Logo na entrada da cidade, ficava o boteco do Sérvulo Fernandes. Esse era bem organizado. Vendia cachaça, cerveja, refrigerantes, doces, quitandas, etc.

Na praça, tínhamos o boteco do Alfredo Quintão; o café Treme-Terra do Chico de Gusta cuja especialidade era o café com leite com deliciosas quitandas; o boteco do Antônio Antoninho que ficava ali onde está hoje a loja Daniel e cuja especialidade era o café com broas de amendoim. Ficava também na praça, o único bar, o famoso bar do Totoni de Tereza e do Miguel Braz. Se considerarmos a época, foi o melhor bar que tivemos. Havia sinucão, bilhar, bagatela, jogos muito procurados pelos jovens. Tinha, também, uma sorveteria que fazia picolés e sorvetes de boa qualidade. Havia “reservado” (local para atendimento a fregueses preferenciais). A principal atração desse bar era o serviço de alto falante, que funcionava à noite, sendo que aos sábados e domingos funcionava, também, à tarde. Os namorados ofereciam às namoradas as músicas que eram tocadas. Quando estava se iniciando um namoro e não queriam publicar o nome dos namorados, o alto falante publicava: - “ alguém oferece a alguém como prova de muito amor, esta maravilhosa música” . Em frente à Igreja velha, os rapazes e moças ficavam passeando e curtindo as músicas. O Ninico Carneiro, que estudava em Viçosa, nas férias, era um dos locutores.

As músicas mais tocadas eram: A flor do maracujá, O ébrio, Porta aberta, Coração materno e várias outras do Vicente Celestino.

Ainda com relação a esse bar, eu me lembro que, em uma festa na Capela de Venda Nova, o Totoni levou picolés em uma lata (vinte litros), sendo que os picolés estavam protegidos por serragem de madeira. Comprava-se o picolé, limpava-se a serragem para depois saboreá-lo.

Bons jogadores de sinuca, na época eram: Guido Carneiro (filho do Zé Estevão), Quimquim Carneiro, Sebastião de Lourico, Coreréu (Edson Sabino), João de Lourico, Zé de Cacau, Hélio, Eli de João Rosa e outros. Estes, quando jogavam entre si, tinham sempre uma platéia assistindo. Em meados do ano 50, esse bar foi vendido para o Chico Borges, que fez, do andar superior, o Hotel Santo Antônio (hoje casa do Renato).

No início da Rua São José, logo à direita, tinha o boteco do Juca Salomé cuja especialidade era o café com leite feito com rapadura queimada. Ficava muito bom.

Descendo a Rua São José, do lado direito, próximo onde é hoje o Cartório, ficava o boteco do Pedro Monteiro. Comprei, quando menino, muito amendoim torrado e pão de “quinhento” do Sô Pedro. O pão custava quinhentos réis, por isso a turma falava pão de “quinhento”. Como na época não existia inflação, o pão ficou com esse nome por muito tempo. Continuando a Rua São José, havia o açougue do Antônio Diogo, que funcionava também como boteco. A sua atração era um gostoso pastel de carne. Em todos os botecos o que não faltava era a cachaça.

Em frente à casa de minha avó Dona Augusta (onde hoje é a Escola Pe.Vicente), existia a padaria do Lourico, onde os seus filhos Sebastião e Arnaldo trabalhavam. Ali, também, funcionava como boteco: pão, cachaça, queijo e, de vez em quando, carne de porco, que, também, era vendida no varejo.

Vizinha à padaria, ficava a casa da Dona Mulata, onde o seu filho Sebastião Pascoal vendia uma pinga e quase sempre havia uma carninha ou queijo para “ tira gosto”. O Joaquim servia uma pinga para o freguês e uma para ele. No fim do dia, estava num tremendo “fogaréu”. Logo abaixo, vinha o famoso boteco do Sô Virgílio, com sua famosas quecas. O pessoal mais vivido diz nunca mais ter comido outra igual...

Na Praça União, tínhamos a venda do Antônio Antoninho, que antes possuía o boteco na praça, e que, também, além de cereais e bebidas, vendia doces e salgados. A pinga sempre estava presente.

No final da década de 50 e início de 60, apareceram outros bares e botecos: Bar do Vicente Ferreira com o seu filho Sonhô, Bar do Toninho França, Bar do Zizinho de Olívio, Bar de Hugo, Bar do Vicente Sabino, Bar do Zé Fernandinho.

Desses, os que permanecem até os nossos dias são: o Bar do Hugo, Bar do Estevão e o Bar do Noé (que se desmembraram).

O bar do Hugo é o vovô da cidade, tendo já completado 46 anos. E, ainda, permanece como o bar preferido da nova geração.

murilo de calambau
Enviado por murilo de calambau em 29/10/2011
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