Para quê isto serve?




Outro dia estava lendo uma das revistinhas que amo: Chico Bento. Uma da estorinhas, sem legenda, serviu de inspiração para escrever um pouco.

Foi assim: sol escaldante; Papa Capim, suando, língua para fora, cansado. De repente viu uma planta com enormes folhas e teve uma idéia: pegou uma das folhas e a usou como leque, saiu sorrindo, abanando-se. Nuvens surgiram no céu, o sol ficou encoberto e cai uma tremenda chuva! Papa Capim segurou nas extremidades da folha e a colocou sobre a cabeça e lá foi ele, com um chapéu improvisado...O tempo ficou estável, mas ele estava com sede, pegou água no riacho com a folha e bebeu...Depois a fez de escorregadeira, desceu o barranco e lá estava ele, em uma canoa, passeando pelo rio... Uma linda árvore frutífera lhe chama atenção e o que ele fez? Saiu de lá com uma sacola, feita com a folha, cheia de frutos, entregou à indiazinha, sua namorada e ela, em retribuição deu-lhe um beijo “chuac!” na bochecha. Envergonhado, Papa Capim, rubro de emoção, cobre o rosto com a folha e sai dali, feliz...

Muitas vezes, e quantas! Temos guardado algo que não mais usamos; ou recebemos um presente que não seria bem o que gostaríamos de receber e ele fica lá, em um canto, em desuso; ouvimos uma frase, uma sugestão, lemos um livro por indicação de alguém e depois, nos perguntamos em que tudo aquilo nos ajudou; algumas vezes, alguém já pegou um papel, pincéis e tinta e fez algo lindo...Muito provavelmente, inspirado por seu Eu superior, ou fez uma escultura de argila, um brinquedo de madeira... E depois, pensou: por que fiz isto? Para que serve? Nunca pintei, nem tenho a quem dar este brinquedo...A escultura está horrível! E as “pequenas grandes coisas” são descartadas, deixadas em um sótão, jogadas em algum baú velho ou vão para o lixo.

Esta estorinha lembrou-me da grandiosidade em aproveitar o que temos, seja um dom, uma idéia, uma intuição, uma amizade, um livro esquecido na estante, uma pedra que alguém nos deu como talismã, as bênçãos de Deus.
Lembrou-me sobre as sábias palavras do me avô: “tudo tem uma utilidade, ou várias... é só prestar atenção e valorizar”. E também da canção que diz, embora se referindo a outro tema, mas que cabe aqui: ”não há considerações gerais a fazer, tá tudo aí, tá tudo aí, para quem quiser ver...”
Completo: para aproveitar, criar e “fazer o milagre” de multiplicar.

Aproveite a “folha” que encontrou em seu caminho

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