EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, AMÉM!
Não tem jeito, é incrível como tem coisa que só acontece comigo.
Pra resumir a anedota, hoje estava eu em uma viagem de Natal à Mossoró nesses carros de lotação clandestinos que fazem a linha interurbana, prestes ao domingo seguinte prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (grande bosta). O Carro era fedorento, cinto de segurança partido, sem extintor de incêndio e um rádio tocando Zezé de Camargo e Luciano. Tipo assim, como é que eu não presumi que estava dentro do inferno e não sabia, hein?!
Bom, quando menos se espera, a mulher que ia comigo no banco traseiro acorda do nada e diz: “meu filho, olhei pra você agora e vi seu rosto todo cheio de sangue”. Respondi espantado: “eu?! Meu rosto?! Sangue?!” “Sim” disse a mulher. No meu pensamento eu disse pra mim mesmo: “sai daí cururu maligno! Que porra é essa?! Essa bruaca galinha de xangô quer tocar o terror em mim, é? ‘Votz’! ”
Só sei que perguntei se ela era médium. Ela disse que sim e eu disse a ela que isso era baboseira, que Chico Xavier foi o maior "um, sete, um" da humanidade e Allan Kardec não passou de uma bichinha encubada e recalcada. Ó, mas não é que exatamente hoje fazem 3 anos e 3 meses que sofri um acidente de carro que me deixou com cara toda ensanguentada mesmo! Me espantei um pouco, mas... Daí fiz outra pergunta a cidadã: “a senhora é macumbeira também?” Rapaz, essa mulher deu a “mulesta” comigo e disse que era uma eterna cristã e temente a deus. Foi aí que veio o nó cego, pois o filha da puta do motorista e a quenga que ia no banco do passageiro da frente eram dois crentes daqueles que dizem que oram pra dormir e acordam pra orar. Sabe daqueles crentes enjoados mesmo que pensam que só eles estão salvos e o resto é que se exploda?! Pronto, eram eles!
Sei que começou uma discussão da gota serena entre a gente: eu católico, a macumbeira que se dizia espírita e cristã, o motorista e a passageira da frente crentes. Só tive pena da menininha, filha da macumbeira, que vinha no meio do banco de trás espremida por nós, chorando e pedindo toda hora pra parar em um posto e ela comprar um picolé ou sorvete, jujuba, sei lá que danado ela queria. A macumbeira pegou ar, assentou-lhe a mão no pé do ouvido da criatura e mandou ela se calar. Perguntando, pois, se não via que estávamos conversando. Conversando uma ova! A discussão estava quente. Cada um querendo ser o dono da verdade, querendo impor ideias e não expô-las.
Enfim, cheguei ao meu ponto de chegada na cidade de Mossoró e quando saltava do carro a macumbeira me chama e diz: “meu filho, faça uma reza, uma sessão de descarrego, uma cura na benzedeira ou tome um banho de sal grosso. Não foi nem uma nem duas não... Muita gente já fez trabalho pra você e quer o seu mal”. “Ora, pensei que fosse outra coisa. Disso eu já sei faz muito tempo, mulher!” Respondi à infeliz.
Desci em um ponto de ônibus, pedi um caldo de cana com pastel e chegou o “carai” de uma cigana me pedindo 2 “conto” pra ler minha mão. Eu dei 5 pra ela ir embora com 3 sapatos: 2 nos pés e 1 na bunda, sem nem olhar pra trás!
“Vão procurar o que fazer, bando de gente sem vergonha! Parem de ficar querendo advinhar o obscuro e vender a esperança alheia ao alheio. Ora essa! Cadê que chega alguém me dizendo que agora me chamo Griselda e ganhei 50 milhas na loteria?! Desses não me aparece um, né?! Saia dessa! O povo pensa que minha cara é pandeiro pra bater nela e eu ainda sair chacoalhando cantando um samba, é? Menino!... quem não quer levar chicotada nos couros, não venha pra cima de mim dando uma de jumento não, viu?!” Fiquei dizendo pra mim mesmo enquanto tomava meu caldo de cana, e vinha mais um “carai” de um cego em minha direção. Com certeza me pedir dinheiro e com certeza também ele não era cego, pois parecia que na minha testa estava escrito OTÁRIO em letras garrafais e ele enxergava de longe. Mas o ceguinho passou direto e consegui comer meu pastel em paz vendo de longe uma criança pedir dinheiro no sinal.
Bom, e pra resumir a anedota, só quero que você aí se lembre de uma coisa: reze, reze, reze, pois o que tem de gente ruim e estranha nos rodeando querendo o nosso mal, bem como pagando pau que a gente está na merda, é uma coisa fora do normal!
Nunca aceite um humano jogar espiritualidade na sua cara para fazer você se sentir amedrontado e culpado. Engrosse pra cima desse povo!