O CASEIRO JEITOSO

Historias contadas em Jarinu

O caseiro jeitoso.

Danilos

Em São Paulo havia um jovem casal bem sucedido, a esposa tinha curso superior e deixou um ótimo emprego para exercer a maternidade, e o marido ganhava o suficiente para dar o conforto necessário para a família. A mulher tinha o sonho de morar em uma chácara onde pudesse plantar flores e com local para seu filho crescer com liberdade e saúde, o marido apoiava porque alem de gostar da idéia mantinha em segredo um ciúme muito grande e um medo que alguém pudesse “roubar” sua linda companheira e entendia que estando em uma propriedade rural ela seria menos vista.

Compraram uma chácara grande em Atibaia com tudo que sonhavam, pomar, horta, jardim criação, piscina, quadra, e salão de festas. O sonho tinha se realizado mas logo descobriram o lado desagradável do negócio, o mato crescia, as pragas dominavam o jardim, a piscina precisava ser limpa, as criações davam trabalho para tratar e perceberam que não conseguiriam cuidar de tudo sem ajuda, seria necessário contratar alguém. Os candidatos foram aparecendo mas o marido colocava defeito em todos e assim não revelava seu ciúme.

Por indicação conheceram “Seu Jóca”, aposentado rural, idoso mas saudável, bem humorado e de bem com a vida. Acharam o velho muito fraco para o serviço, mas o marido o contratou pois entendeu que mesmo que não fizesse muito, pelo menos sua esposa não correria “riscos”. Para grata surpresa do casal “Seu Jóca” surpreendeu mostrou que era muito forte e muito capaz para tomar conta de chácara, entendia de plantio e dos cuidados para manter as plantas saudáveis , dominava também os assuntos sobre criação e gostava dos bichos, zelava da cerca e do portão, cuidava da grama, limpava a piscina, consertava maquinas, fazia instalações elétricas , enfim ele era a solução para todos os problemas.

O caseiro sempre de bom humor, tornou-se também um companheiro para o filho do casal, adorava crianças e tratava o garoto como se fosse seu neto, e ensinava para ele o dia a dia das coisas rurais. A importância do caseiro foi ficando tanta que quando ele ia embora de tarde a família sentia desamparo, e a pedido da esposa o marido construiu uma edícula na chácara onde o caseiro passou a morar e dali para frente quase que poderia se afirmar que ele fazia parte da família. Enfim agora o sonho estava completo, o casal tinha sua chácara muito bonita e bem cuidada, a esposa tinha seu jardim bonito, o menino tinha um amigão e o marido a tranqüilidade desejada.

Passado muito tempo a esposa e o caseiro vieram em Jarinu resolver um problema de documentos, o Cartório era ainda na Rua Independência em frente à padaria e a cidade estava semi deserta pois na semana anterior coincidiu de um feriado de Sete de Setembro ser na quinta feira e o pessoal emendou naquela semana e deixou de vir na seguinte.

Após acertarem os documentos, andaram pela cidade e não viram ninguém que os conhecesse, e então na praça a mulher realizou mais uma fantasia, a de demonstrar publicamente seu amor pelo caseiro, e ali se abraçaram e se beijaram com uma sensação de liberdade que nunca tiveram antes, pois desde que iniciaram o romance tiveram que manter tudo sob sigilo. Alguém passou e ouviu a mulher com felicidade declarar que:

“Nunca na vida imaginei que fosse me apaixonar por alguém, muito menos pelo meu caseiro”.

“Seu Jóca” demonstrou que era mesmo muito forte e jeitoso.

danilos
Enviado por danilos em 28/10/2011
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