AINDA É TEMPO

O que fazer quando se sente o coração esvair-se? No meu caso, quando não me fecho como as conchas, pego na caneta virtual e dou o meu grito de desespero.

Assim, diante de tanta incerteza, posso dizer, como diz o Roberto Carlos: “já não sei dizer se sou feliz ou não; já não sei pra quem eu dou meu coração; preciso acreditar...; e essa tristeza...”

Meu coração está sangrando. Sangra de tristeza, pela desigualdade social cada vez mais cruel; sangra pela desesperança estampada no rosto dos passantes; sangra pelas mães que choram a perda de seus filhos para o tráfico; sangra pelos desvalidos que enchem de dor os corredores dos hospitais públicos, sem um pingo de dignidade; sangra pelas crianças que vendem seus corpos para as mentes doentias que povoam as nossas cidades; sangra pelos impostos tão altos que pagamos, sem que haja o necessário retorno em serviços à população; sangra pelo tratamento indigno dado aos professores pelos governantes de nosso país, esquecidos de que foram formados por eles; sangra diante da corrupção que assola o país; sangra pela justiça que se faz de surda ao clamor do pobre, mas é sensível ao aceno dos poderosos; sangra pela inversão dos valores que regem a sociedade; sangra por constatar que o nosso povo está mais preocupado em combater a homofobia do que a fome; mais preocupado em levantar as bandeiras multicores, do que bandeira branca da paz e da decência. Que país estamos construindo? Que nação estamos formando? Confesso que já não sei. Não sei mais o que é certo ou errado, pois o relativismo campeia em todas as plagas. Que país vamos deixar para nossos filhos, se governantes, em nome da governabilidade, tornam-se invertebrados morais? Se ainda há tempo, é chegada a hora de homens e mulheres de bem (os que ainda restam) se levantarem em apoio a uma cruzada cívica de moralidade. Vamos cerrar fileiras em favor do que é certo, do é justo, do que é direito, e apoiar a Presidente (COM 'E') nessa faxina moralizadora.

Luis Gentil

Outubro/2011