O Pequeno Grande Homem

Um homem estava parado no alto do penhasco, de frente ao sereno mar prateado, onde o céu está parcialmente nublado, permitindo a passagem da faixa de luz pálida do sol a tocar na superfície de água cristalina que ondula de maneira hipnótica. As gaivotas arruam, voando próximo a ele. De longe, no horizonte havia uma presença de um barco de pescadores.

Seus olhos, pequenos, porém, ternos que não conseguem disfarçar a presença de algumas rugas ao redor de seus olhos marcados pela experiência difícil da vida desde a terna infância roubada, quando vendia amendoim para sobreviver em um bairro empoeirado e pobre, de sua adolescência rebelde sem causa; brigava e criava confusão na escola. Viveu muitas aventuras e farras loucas em sua juventude sofrida, lidando sempre com doenças na família. A mãe que sofreu acidente vascular cerebral e teve derrame de um lado do rosto de maneira permanente. O pai alcoólico sofrendo de mal de Parkinson; a irmã adotiva com múltipla deficiência, e de vez em precisava cuidá-la, como levar ao médico e escola especial.

Enfim, na faixa de seu trinta anos, em completo estado de maturidade serena e resistente a todas as situações, somente ele saiba como superá-las e triunfá-las, sempre com a mente voltada a Deus e a vida. Diante de todos os infortúnios, jamais abriu a boca para reclamar da vida que tinha. O que mais importava é cuidar de si mesmo e valer-se da vida que tem.

O homem olhava para o mar em busca de paz interior. A paz que ele mais necessitava depois de passar por um turbilhão de problemas familiares, recuperando-se do susto, deparou com sua mulher sofrendo de câncer de mama; ela mal acabara ter um bebê. O bebê teve de ser amamentado por uma mamadeira com o leite em pó recomendado pelo médico, e o homem temia pela vida da mulher, que amava muito.

Ele permanecia parado em frente ao mar; seus ternos e dóceis olhos avermelhados pela sua sensibilidade que aflora por dentro, traziam uma grande bagagem de experiências e várias emoções que valeram a pena viver, as quais deixaram um grande aprendizado de vida. Sentia a alma transportar-se com tamanho orgulho pela força que tem; uma força de leão com o coração de pomba; sempre auxiliando as pessoas que mais necessitavam, através de conselhos adquiridos pela experiência própria de vida.

Este pequeno grande homem possuia várias facetas. O bom, o brincalhão, o sério, o porra-louca, o aventureiro, o paternal, o baladeiro, o briguento, o afetuoso, o amoroso; Este mesclado de sentimentalidades o tornara um ser humano muito especial. Pessoa igual a ele não se encontra por aí, só daqui a mil anos. Ele representa centenas de peças que formam uma bela arte de quebra-cabeça, formando um ser criatura multifaceta.

Quem é este ser pequeno grande homem com mania de viver a grandeza, mas com coração incompreendido e julgado por todos? Um homem que sobreviveu de um parto prematuro aos seis meses da gestação de sua mãe. Sempre seguiu em frente enfrentando muitos obstáculos que a maioria das pessoas talvez não conseguiriam enfrentar; caindo na bebedeira, na droga, e até mesmo tentativas de suicídio. Ele não se acovardava. Encarava os problemas numa boa com frieza e serenidade, pois o mundo lá fora é uma verdadeira selva. Tanto os problemas de dentro de sua casa, quanto aos do mundo selvagem lá fora, ele nunca fora de reclamar. Vez ou outra, chorava, chorava para tirar a dor e o peso que sentia por dentro para depois sentir-se revigorado.

O pequeno grande homem em vez, ou outra aprontava como uma criança, mas ele é um ser humano como qualquer um, possui falhas. Ninguém é perfeito. Ele sorriu; sorriu por tudo. Sente-se bem e que continuou fazendo o que sabia fazer de melhor: viver de bem com a vida que Deus lhe deu.

Não tardou muito afastar do penhasco e entrou no carro, o qual uma linda menina de cabelos castanhos escuros, com um vestido amarelo, dormia tranquilamente no banco de trás. Ligou o motor e partiu para casa; sua esposa lhe esperava para um delicioso churrasco.

Texto e criação do autor Denis Lenzi, ao utilizar este texto, por favor, não se esqueça de mencionar a autoria.

Dênis Lenzi
Enviado por Dênis Lenzi em 27/10/2011
Código do texto: T3301203
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