O Vale ainda não morreu.
Sou do Vale do Paraíba e,às vezes,a saudade aperta no meu peito e me faz voltar no tempo,no tempo das cheias do rio Paraíba.Lá de cima dos morros podia-se ver o banhado em que as terras se transformavam,tornando-se um lago imenso.Um lago entre duas serras:a da Mantiqueira e do Quebra-Cangalho.Lagoas mil! Era gostoso de se ver.A molecada ficava esperando a água baixar para pegar peixe que se debatia nos restos de lagoas.Pássaros vinham às centenas.Garcas,nhambus,frango-d*água,biguás e tantos mais. Era a natureza recriando com a morte dos peixes.Quando a água baixava de todo,restava um capim verde e vicoso que alimentava o gado soltos na várzea.Eta mundão de fartura! Quanta traíra se pegava com as mãos nas lagoas quase secas A várzea era um verdadeiro bercário de peixes,um criadouro natural,para depois ser lancado no rio e alimentar os pescadores.A natureza é perfeita! Tudo no seu tempo certo.A natureza não tem pressa.E o douradão que se pegava no anzol? Piabas,piabanhas,e um *bagre* grandão parecido com um peixe dos rios da Amazônia.Lambari nem se fala! Muitos...Hoje o rio está sujo.Virou um esgoto de céu aberto.Não tem mais várzeas como criadouro,nem pássaros a visitar.O rio está quase morto.Os ribeirões que descem das serras foram morrendo aos poucos,fruto do desmatamento das serras e montes.Que podemos fazer contra o avanco desmesurado do homem contra a natureza? Apenas gritar por socorro escrevendo textos como este.Vamos salvar o Vale do Paraíba! O Vale ainda não morreu!