VENTANIAS TUBERCULOSAS
POEMA
PAI NATUREZA
Para Watson Oliveira
Não tenho mais nenhum um pingo de pena de mim
Eles não têm mais nenhum pingo de pena de mim
Vejotriste, árvores tristes caindo solitárias ao chão
Por culpa de um motor motosserra
Mar manchado de uma nódoa negra dos óleos que vasam
Derramando o ódio dos homens de não poder perder
Se eu começar a contar tudo que a natureza já perdeu
Por ter ganhoo homem como seu predador
Este poema se alongaria por páginas e páginas de papel
Fruto de árvores e árvores derrubadas
Tristes, bem tristes
Você já viu uma árvore chorar?
Seu tronco desmorona como lágrimas desmoronando
O rosto de um velho doente no leito de morte
Desmorona como lágrimas desmoronando
O rosto de uma criança faminta e sem sorte
O homem conseguiu fazer a natureza chorar,
O céu se desiludir
E o mar entristecer agoniado se afogando em si mesmo
O chão chora triste as águas salgadas do mar transformadas em lágrimas
E o sopro do vento sem ar, cospe seco tossindo desencantamentos
As ventanias andam meio tuberculosas
E enquanto tudo anda tão triste
A felicidade é igual à borboleta
Pois quando você menos espera
Ela desabrocha do casulo
Linda e colorida
E voa para não mais voltar!
A metamorfose anda meio metida a metáfora:
Mete o dedo onde não é chamada
E não consegue ser mais nada além
De um simples espetáculo a olho nu
O problema é que os olhos enxergam vendados