UMA NOITE A MAIS...
A madrugada rasga a noite em prenúncio de um novo dia. Como outro qualquer; como tantos, igualmente vividos. Nada de novo. Apenas aquela sensação de que a insônia deixa um gosto agridoce na saliva, um algo estranhamente sentido que vem não sei de onde e toma a direção do nada.
Quantas madrugadas assim eu já vivi? Incontáveis noites sem dormir, amassando os lençóis de virar-me de um lado para o outro, perseguindo o sono (ou será a insônia que me persegue?), inutilmente!
Quantas noites tortas, quantas dores sentidas, abrindo fendas em meu coração vazio? Intermináveis! Absolutamente imprevisíveis! Quem sabe, um balanço do dia passado, a presciência do que será o próximo, não me ajuda a combater esta insônia?
Ensejo uma ronda por todo o apartamento às escuras. A janela da sala convida-me a participar da vida que já se forma lá fora. Pessoas caminham apressadas para alcançarem os meios de transporte que os conduzirá ao trabalho. Outros, retornam a seus lares, ao fim de mais uma lida.
As prostitutas que ganham a vida bem ali naquela esquina, encerram mais uma jornada de trabalho noturno – chova ou faça sol. Os primeiros carros já transitam apressados – o retrato imutável das grandes metrópoles. É o sopro da vida rotineira de toda gente.
Ouço, ao longe, o canto dos sabiás que moram na árvore da praça. O galo já cantou. O sol ainda não nasceu. O sono não chegou. Vou preparar um café, sorvê-lo devagar, senti-lo passar por minha garganta, quente, saboroso, reparador! Não dormi... e daí? Hoje já é um novo dia. Muitas noites de sono virão.
E de insônia também!
(Milla Pereira)
Quantas madrugadas assim eu já vivi? Incontáveis noites sem dormir, amassando os lençóis de virar-me de um lado para o outro, perseguindo o sono (ou será a insônia que me persegue?), inutilmente!
Quantas noites tortas, quantas dores sentidas, abrindo fendas em meu coração vazio? Intermináveis! Absolutamente imprevisíveis! Quem sabe, um balanço do dia passado, a presciência do que será o próximo, não me ajuda a combater esta insônia?
Ensejo uma ronda por todo o apartamento às escuras. A janela da sala convida-me a participar da vida que já se forma lá fora. Pessoas caminham apressadas para alcançarem os meios de transporte que os conduzirá ao trabalho. Outros, retornam a seus lares, ao fim de mais uma lida.
As prostitutas que ganham a vida bem ali naquela esquina, encerram mais uma jornada de trabalho noturno – chova ou faça sol. Os primeiros carros já transitam apressados – o retrato imutável das grandes metrópoles. É o sopro da vida rotineira de toda gente.
Ouço, ao longe, o canto dos sabiás que moram na árvore da praça. O galo já cantou. O sol ainda não nasceu. O sono não chegou. Vou preparar um café, sorvê-lo devagar, senti-lo passar por minha garganta, quente, saboroso, reparador! Não dormi... e daí? Hoje já é um novo dia. Muitas noites de sono virão.
E de insônia também!
(Milla Pereira)