Elas deixarão sua poesia para a posteridade...

"A fragilidade da alma não demonstra a força que imperava nas suas palavras, através dos fatos trágicos que ceifou a razão e a dor, que matou sua alma. Mulher de sangue latino, vigoroso, escreveu sobre o bem e o mal. que desencadeia o amor e a dor evidenciando o passo lento da humanidade na sua história. Alfonsina, se suicida em 25 de Outubro nos braços das ondas do mar. Já, Mary McCarthy, escritora e crítica americana, morta também em 25 de Outubro, gostava de enfatizar que: escrever bons personagens é "colocar ameixas reais em um bolo imaginário" a verdade nua e crua que a perda trágica dos seus pais a levaria para uma rebeldia interminável com a vida! Suas vidas foram marcadas tragicamente, portadoras que foram de câncer de mama !

Mary foi uma adolescente rebelde que tinha poucas amigas, o que não é de admirar, uma vez que fazia troça de quem não soubesse responder nas aulas e mantinha sempre um ar de inequívoca superioridade. Mais tarde, quando mudou para a escola pública, perdeu a fé e decidiu-se por uma "vida livre" e pela viagem para leste, para o muito sofisticado e "moderno" Vassar College, onde a nata das mulheres americanas aprendia a pensar pela própria cabeça.

No início dos anos sessenta, Mary conheceu o seu quarto e ultimo marido, James West, um diplomata americano que a acompanhou para o resto da vida e manteve um fascínio absoluto pelo "glamour" que parecia segui-la por todo o lado. Finalmente livre de preocupações financeiras, Mary dedicou-se de alma e coração à escrita e a uma vida bem sucedida, a que não faltavam jantares, recepções e inúmeras intervenções em debates, colóquios e conferências.

Mary morreu no dia 25 de Outubro de 1989 depois de um mês no hospital, durante o qual foi mantida viva artificialmente. O cancro da mama que a devorava tinha alastrado para os pulmões. Quando, em 1979, numa entrevista lhe perguntaram se a escrita tinha sido, para ela, uma compensação pelas múltiplas perdas, ao longo da sua vida, ela respondeu: "Essa espécie de material psicoanalítico não me diz nada e serve apenas para retirar todo o mistério das nossas experiências e para subentender que possuímos um tipo de conhecimento que na realidade não temos". Por detrás de uma atitude considerada por muitos como desapiedada e fria, escondia-se um conhecimento profundo, irónico e lúcido de si própria e do mundo.

### Alfonsina Storni é Filha de pais argentinos, nascida na Suíça, imigrou com os seus pais para a província de San Juan na Argentina em 1896. Em 1901, muda-se para Rosario, (Santa Fé), onde tem uma vida com muitas dificuldades financeiras. Trabalhou para o sustento da família como costureira, operária, atriz e professora.

Descobre-se portadora de câncer de mama em 1935. O suicídio de um amigo, o também escritor Horacio Quiroga, em 1937, abala-a profundamente.

Em 1938, três dias antes de se suicidar, envia de um hotel de Mar del Plata para um jornal, o soneto “Voy a Dormir”.

Tomado del Proyecto Cervantes

Morir como tú, Horacio, en tus cabales,

Y así como en tus cuentos, no está mal;

Un rayo a tiempo y se acabó la feria…

Allá dirán.

Más pudre el miedo, Horacio, que la muerte

Que a las espaldas va.

Bebiste bien, que luego sonreías…

Allá dirán.

Consta que sAlfonsina suicidou-se andando para dentro do mar — o que foi poeticamente registrado na canção "Alfonsina y el mar", gravada por Mercedes Sosa.

Ouça Mercedes Soza em bela homenagem feita pela Argentina a Afonsina

http://youtu.be/fpQvuquMhNY

Bibliografia

"SEING MARY PLAIN. A LIFE OF MARY McCARTHY" , Frances Kiernan, W.W. Norton & Company, New York. London, 2000

Nota do EditorTexto gentilmente cedido pela autora. Publicado originalmente na Revista Storm, editada por Helena Vasconcelos em Portugal.