devaneios...
Era um pequeno subsolo, que a mocinha descobriu, escondido dos olhos curiosos da maioria e que poderia ser transformado num cantinho de amor.
Indiferente ao que poderia acontecer caso os seus superiores viessem a descobrir as suas intenções, ela começou a planejar a arrumação do que passou a chamar "ninho de amor", quando a ele se dirigia mentalmente.
É claro que nunca havia namorado e no momento não tinha com quem compartilhar o espaço, mas isto era fácil, assim pensava.
Era bonita, formas perfeitas e atraentes ainda mesmo naquela difícil fase de adolescência, olhos de um verde profundo e chamativo, lábios carnudos e vermelhos, cabelo comprido cor do sol poente sem falar na sua pele que tinha o cheiro natural de alecrim.
Por que se preocupar com namorado? Este chegaria logo, assim que arrumasse o cantinho....
Os dias, meses e anos foram passando, os seus lábios murcharam, o cabelo embaçou, os olhos perderam o brilho, as formas perderam as linhas sinuosas se transformando em retas sofridas e até o cheiro de alecrim começou a lembrar folhas queimadas.
As lembranças começaram a esvoaçar pelas janelas, os sonhos ruíram.
Na cela do convento ela ajeitava o hábito.
Na cela do convento ela ajeitava o hábito.
Eram seis horas e as outras irmãs esperavam-na na capela para rezar o terço...
soninha.