O homem feliz

Histórias contadas em Jarinu

O homem feliz

Danilos

Felicidade é um sentimento sem parâmetro material, muitos milionários são tristes e introspectivos por desejar alguma coisa que não conseguem, enquanto muitos pobres são felizes por serem gratos ao pouco que tem. Para ser feliz é necessária apenas uma coisa, ser feliz e pronto. Quem é de Jarinu, ou mora há algum tempo aqui ou então freqüenta o centro da cidade certamente conhece o Egervásio, um homem que conseguiu espantar a tristeza para se tornar uma pessoa feliz e de convívio agradável.

Embora sempre tenha sido um homem de boa vontade, honesto e trabalhador, Egervásio tomou seguidas decisões erradas na vida e isso o levou próximo da miséria. Aos poucos ele foi perdendo as esperanças e o ânimo, errara tanto que temia tentar de novo. Do desanimo ao desespero foi um espaço de tempo curto e a idéia de suicídio começou a fazer parte de seus pensamentos.

Em uma manhã foi andar um pouco para refrescar a cabeça e resolveu conhecer o Terminal Rodoviário de Jarinu que tinha sido inaugurado recentemente. Lá pegou um ônibus e foi andar em Jundiaí .Passando em frente a uma casa lotérica, viu que havia um premio acumulado de R$ 12.000.000,00, fez o seu jogo, sentou-se em uma praça e começou a pensar nas possibilidades de ganhar o premio, primeiro considerou a dificuldade, mas depois afirmou para si mesmo que alguém iria ganhar, e sendo assim poderia ser ele.

Imaginou-se ganhador e começou a pensar na forma em que gastaria o dinheiro, carrão, casa, um pequeno sitio com riacho, piscina, campo de futebol e salão de festas e tudo isso para desfrutar junto com a mulher de seus sonhos. Egervásio lembrou também da Igreja que nos seus piores momentos de depressão mandou representantes para consolá-lo e orar por ele, agora iria retribuir, assim como também ajudaria o seu time, resolveu que compraria um campo e todo material para o pessoal jogar.

Voltou para Jarinu radiante, certo que dois ou três dias depois estaria rico, foram dias felizes, as pessoas perceberam seu bom humor. No dia de conferir o resultado, veio a desagradável surpresa, não deu seus números e daí para frente toda a realidade cruel se apresentou a ele e tanto o dia como as pessoas lhe pareciam feios. Depois de um dia de amargura voltou a jogar e a vivenciar por antecipação os prazeres e o poder do dinheiro.

Passaram-se 18 anos desde o primeiro jogo e de lá para cá Egervásio nunca deixou de participar e até descobriu uma maneira de não sofrer com o espaço de tempo entre saber o resultado e fazer o próximo jogo, ele agora aposta em várias loterias, assim quando uma não dá tem outra para correr. Assim foi que Egervásio se tornou um homem feliz. Há pouco tempo eu estava em um guichê da lotérica quando ele chegou no guichê ao lado e fez seu pedido; Quero dois reais de esperança na mega sena. Olhei para ele com expressão de indagação e sem que perguntasse algo ele respondeu:

É melhor gastar aqui com sonho, do que na farmácia com antidepressivos.

danilos
Enviado por danilos em 25/10/2011
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